“Setão” de Santo Antônio - Quem passa pelo quilômetro 52 da rodovia PR-439, no trecho entre Santo Antônio da Platina e Ribeirão do Pinhal, no Norte Pioneiro, encontra em um mirante na margem da estrada uma ótima oportunidade para contemplar a natureza. Do alto de 60 degraus é possível avistar o Rio das Cinzas e um paredão de pedra que abriga uma cascata. O que ninguém entende é o que significa uma escultura, em forma de espinha de peixe, que aponta para o rio. Nem na prefeitura de Santo Antônio da Platina há explicação para o que significa aquela construção. Mas o historiador Israel Pereira de Castro tem a resposta: nada mais é que uma seta que aponta para a cidade, distante sete quilômetros. Segundo ele, a obra foi erguida pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), quando o órgão fez algumas alterações no sentido da rodovia. “Nas décadas de 70, o DER erguia uma espécie de recanto nas estradas que construía. Por isso nem a prefeitura tem informação sobre o monumento”, diz| Foto: Marco Martins/Gazeta do Povo

Ponta Grossa - Eles foram criados para marcar datas importantes, homenagear alguém famoso, ou até para valorizar obras de artistas locais. Mas, por seu formato bizarro, acabaram virando alvo de piadas entre a população local, e, com uma ajudinha da internet, ganharam notoriedade nacional. Estamos falando dos estranhos monumentos construídos em espaços públicos de várias cidades do Paraná, e muitas vezes com dinheiro público.

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Em Ponta Grossa, como exemplo, numa das praças de maior circulação de pessoas (próxima do shopping da cidade e do terminal de ônibus) existe um monumento que é conhecido como "Cocozão" (veja outros exemplos nesta página). No Google, maior site de busca da internet, há cerca de 800 citações ao "Cocozão", boa parte alimentada por pessoas que passaram pela cidade e não perderam a oportunidade de fazer comentários irônicos.

A falta de envolvimento da população na escolha dos temas dos monumentos é, na opinião do professor Paulo Chiesa, vice-coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná, um dos fatores que contribuem para que eles sejam ridicularizados. O professor lembra que a consulta popular é uma prática comum nos países europeus desde o século passado. Mas o Brasil só começou a adotar esse modelo há cerca de dez anos, com o Estatuto das Cidades, que prevê as consultas. "É uma questão de cidadania. Se a população não é consultada, acaba não cuidando ou ainda hostilizando o monumento", comenta.

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Mas há outras questões que pesam na rejeição de monumentos públicos. "Muitas vezes, os prefeitos contratam artistas de fora para fazer as esculturas", lembra. A falta de cultura do brasileiro, de forma geral, segundo o professor, também diminui a capacidade de interpretação da obra. Outro problema é a ausência de vigilância pública, que acaba permitindo que os monumentos virem alvo de vândalos.

Na opinião de Chiesa, uma boa saída são os concursos nos quais a população pode votar no monumento mais interessante. "Os monumentos acabam se incorporando no espaço público, na referência das pessoas. Portanto não é coisa simples, não é como colocar um busto de uma autoridade numa praça, precisa de planejamento", avalia.

Colaboraram: Marcos Paulo de Maria, Jornal de Maringá Online; Luiz Sonda, correspondente de Cascavel; Dirceu Portugal, correspondente de Campo Mourão; Alexandre Palmar, correspondente de Foz do Iguaçu; Marco Martins, correspondente de Santo Antônio da Platina

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