Porto Alegre e Curitiba são próximas no quesito número de habitantes – estimativa de 1,87 milhão por aqui e 1,47 milhão na capital gaúcha – mas a disparidade é considerável quando o assunto é mortes no trânsito, com 184 casos no território curitibano contra 100 no porto-alegrense em 2015. Não se trata de uma distorção estatística. Ano a ano, pelo menos desde 2011, o número de vítimas fatais nas vias de Curitiba é aproximadamente o dobro de Porto Alegre.
Além da discrepância no tamanho da frota – com 1,41 milhão de veículos por aqui e 824 mil lá –, outro fator contribui para inflar as estatísticas curitibanas. Porto Alegre não é cortada por rodovias. A engenheira Diva Yara Mello Leite, uma das coordenadoras da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), conta que há apenas três quilômetros de rodovias, chamada de perimetral, antes de chegar à capital gaúcha, em que a velocidade liberada é de 80 quilômetros por hora. No restante da cidade, o máximo permitido é de 60 km/h.
Já na capital paranaense, alguns poucos quilômetros, diante dos 4,7 mil quilômetros de ruas e avenidas, são responsáveis por 30% das mortes no trânsito. São os trechos rodoviários, principalmente os contornos e a Linha Verde. O peso das rodovias no número de acidentes fatais só comprova a relação entre alta velocidade e mortes no trânsito, além de enfatizar a preocupação com a infraestrutura e a engenharia de tráfego.
Óbitos
No ano passado, dos 184 óbitos de trânsito de Curitiba, 55 foram em rodovias. Como se tratam de BRs, não está na alçada da prefeitura resolver a questão. A secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli, conta, por exemplo, que ficou empolgada quando R$ 400 milhões foram anunciados, em 2013, para obras no Contorno Sul. Contudo, passados três anos, o projeto ainda não foi iniciado pelo governo federal. Luiza assegura que continua cobrando a execução das obras.
Também a Linha Verde é um ponto mais do que sensível no tráfego curitibano. No ano passado, foram 10 mortes no trecho de 22 quilômetros. O número de acidentes fatais é 41% menor, se comparado com 2014, mas ainda muito acima do aceitável. A secretária acredita que se o percurso da Linha Verde fosse doado em definitivo para a prefeitura – hoje é apenas cedido, em caráter temporário – algumas intervenções poderiam ser realizadas para configurá-la como via urbana, com a perspectiva de diminuir as chances de colisões graves.
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