Levante a mão aquele que nunca sofreu com um entupimento em casa seja na pia, no vaso sanitário ou em ralos. A água que vai acumulando e não desce de jeito nenhum é um sinal de que alguma coisa por ali entupiu. Preparar um arsenal contra as obstruções nos encanamentos, com desentupidores e soda cáustica é uma saída para não ficar na mão na hora do desespero, mas existem algumas medidas que merecem atenção e podem evitar o surgimento do problema.
O engenheiro civil e professor do curso técnico de edificação e transações imobiliárias do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Paulo Yamamoto lembra que os cuidados com o esgoto doméstico devem começar na hora do projeto da casa ou apartamento. O projeto de esgotamento deve ter tubulações separadas para coleta da água usada na pia da cozinha, no tanque de lavar roupa e nos banheiros.
Na cozinha, deve haver uma caixa de gordura e as tubulações devem ter diâmetros adequados e inclinações mínimas. "Isso possibilita o escoamento com velocidade suficiente para evitar a sedimentação e impregnação de resíduos nos canos", explica.
Uma dica importante é dispor de uma cópia do projeto hidro-sanitário da residência. Isso facilita a localização da posição das tubulações e conexões na construção e é uma mão na roda na hora de resolver um problema. Além disso, fazer verificações no esgoto doméstico é essencial. Uma recomendação de especialistas é realizar esse check up a cada seis meses, fazendo as limpezas de caixas de gordura, sifões e outras ligações nas tubulações.
Indícios
A água que não escoa rapidamente ou borbulha é o primeiro sinal de que há um problema. "Isso indica que o encanamento está com problemas de estrangulamento do diâmetro em decorrência da impregnação de gorduras ou resíduos de alimentos ou por causa do acúmulo de cabelos ou outros objetos que entopem os sifões e conexões", diz. Na cozinha, o acúmulo de gordura na caixa específica para isso por falta de limpeza regular também causa entupimento.
Antes de correr com o desentupidor em riste pela casa, é bom checar as peças de ligação, como sifões. Se não houver problema, mão na massa: tente resolver o problema com soluções caseiras ou procure ajuda profissional.
Saúde da rede também depende de você
Se você acha que jogar lixo pelo ralo não faz mal, lembre-se que o vizinho pode pensar o mesmo e isso pode gerar um problemão para todo mundo. Todo o lixo que é jogado irregularmente em vasos sanitários, pias e ralos domésticos cai na rede de esgoto da Sanepar, no caso do Paraná, e o acúmulo desses materiais nas tubulações pode ocasionar problemas.
No ano passado, as estações de tratamento de esgoto da Sanepar em Curitiba e municípios da região do Alto Iguaçu receberam 939 metros cúbicos de lixo. Nos cinco primeiros meses desse ano, o volume de lixo chegou a 423 metros cúbicos. O material é retido nas redes de proteção das estações e encaminhado para aterros sanitários.
Tudo isso plástico, gordura, cabelo, brinquedos e até fraldas não deveria estar nessa rede, que não tem condições de receber esse tipo de resíduo. O resultado é a formação de "buchas": grandes bolas de resíduos sólidos que entopem toda a rede de esgoto ou impedem sua vazão. A falta de fluidez do esgoto pode provocar, além do mau cheiro, um refluxo do sistema nos encanamentos domésticos. Ou seja, toda a sujeira que já estava na rede pode voltar para dentro das casas, pelos vasos sanitários, ralos e pias.
A Sanepar lembra que é responsabilidade do dono do imóvel fazer a ligação do esgoto doméstico na rede e promover o escoamento da água de chuva para galerias pluviais. Caso não haja rede de esgoto disponível para aquele endereço, o proprietário também deve providenciar a construção e manutenção de fossas assépticas. A fiscalização de tudo isso fica a cargo das prefeituras.