Em fúria
As 10 coisas que mais irritam no trânsito, segundo pesquisa da Universidade de São Paulo:
1) Buracos nas ruas
2) Motoristas que param em filas duplas
3) Motoristas que jogam luz alta nos outros
4) Vans que param em locais inadequados
5) Policiais que cometem infrações no trânsito
6) Veículos grandes que cruzam a frente dos menores
7) Guardas escondidos multando os motoristas
8) Pedestres se arriscando no trânsito
9) Motoristas que avançam na contramão com trânsito lento
10) Veículos lentos à esquerda que obrigam os demais a usar a direita
Leia a lista completa no blog de Vida e Cidadania.
Ponta Grossa - Jogue a primeira pedra quem nunca se estressou ou causou confusão no trânsito. Uma buzinada inesperada ou uma fechada perigosa fazem parte da rotina das ruas dos grandes centros urbanos. Um pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) listou o que causa mais raiva nos motoristas. Dos 20 itens levantados, 13 dizem respeito apenas ao comportamento do condutor, ou seja, se todos se controlassem, a harmonia nas ruas seria possível.
O psicólogo Luiz Alberto Passos Presa usou uma amostra com 400 motoristas de Manaus capital amazônica com frota de 422 mil veículos em sua tese de doutorado. Ele ouviu motoristas de carros de passeio, taxistas, motociclistas, caminhoneiros e motoristas de ônibus. Buraco na rua, luz alta nos olhos do motorista que vem em sentido contrário e a paradinha em fila dupla são campeões de reclamações.
Conforme Presa, há diferenças entre as categorias. "O motorista de automóvel se queixa mais do buraco na rua porque acaba tendo de arcar com o prejuízo de uma roda estragada, já os motoristas profissionais não, esses custos ficam com as empresas", apontou.
Curiosamente, o engarrafamento, comum nas principais cidades, aparece no tímido 12º lugar na lista de coisas estressantes. Para o pesquisador, é possível que o motorista já tenha se habituado ao congestionamento. "Antigamente, uma pessoa sabia que levava tantos minutos para ir do ponto A ao ponto B de sua cidade. Agora, com o aumento da frota e o crescimento da cidade, ele sabe que vai precisar de mais tempo e sai mais cedo", analisa.
A raiva no trânsito é um componente de risco nas ruas. "O motorista raivoso vai prejudicar o seu grau de atenção e diminuir a sua capacidade de dirigir bem", acrescenta Presa.
Outro lado prejudicial do estado emocional do motorista é a expectativa gerada nos demais condutores. A especialista em psicologia do trânsito Salete Coelho Martins atende casos de amaxofobia (medo de dirigir) em uma clínica em Curitiba. "Uma das causas da amaxofobia é o estresse no trânsito, não que as pessoas que têm medo de dirigir sejam estressadas, mas é porque elas têm medo das pessoas estressadas", afirma. O temor de deixar o motor morrer numa rampa e levar uma buzinada do motorista que está atrás do veículo é um exemplo. "Nesse caso, nós aconselhamos que a pessoa ligue o alerta, respire fundo e comece tudo de novo", comenta. A maioria dos clientes da clínica da especialista é formada por motoristas habilitados há muitos anos e que, por medo, deixam de dirigir.
Avaliação
Para que o motorista estressado não transforme o trânsito num inferno, o pesquisador Presa sugere que os testes de raiva na direção sejam feitos entre os candidatos a motoristas. "Os resultados da pesquisa sugeriram ser importante avaliar os níveis de emoção raivosa nos motoristas experientes e nos candidatos quando estes realizam a avaliação psicológica, visto que a emoção raivosa pode ser uma importante causa de infrações e de acidentes de trânsito", relata.
Hoje, os exames psicotécnicos feitos pelos Detrans avaliam se os candidatos têm problemas neurológicos ou cognitivos, de relacionamento e de comportamento. A psicóloga perita de trânsito, Mylene Cristine Laidane, de Ponta Grossa, informa que só são considerados inaptos os candidatos com problemas muito graves, como portadores de epilepsia. Em alguns casos os candidatos à habilitação são reprovados provisoriamente até que façam os tratamentos adequados e voltem a prestar o exame. Mylene lembra ainda que os testes são dinâmicos e estão sendo sempre rediscutidos entre os conselhos de psicologia e os Detrans. Por enquanto, como lembra Presa, não existe nenhum teste medidor do estado emocional dos condutores.
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