O Centro de Curitiba é diverso por essência, inclusive na gastronomia. É comum observar pontos tradicionais quase esbarrando em locais ditos modernos, como as redes de fast food. A Confeitaria das Famílias, tradicional reduto de uma glamurosa Curitiba da década de 1970, passa os dias piscando os olhos e contando o tamanho da fila do sorvete do McDonalds, na Rua XV de Novembro. Não só no calçadão, o Centro abriga espaços tradicionais, de culinária típica e que fogem do padrão das confeitarias atuais, com um bônus: comida barata.
Da Rua São Francisco à José Loureiro, passando pela Cruz Machado, padarias e mercearias podem dar guarida a quem está com fome e quer um pouco de tranquilidade ou ser apenas um ponto de passagem para levar comida para casa. Para fazer o tour gastronômico, o ideal é deixar o carro em casa e curtir a bicicleta ou a caminhada. Em cerca de dez minutos, chega-se de um lugar a outro mais rápido do que encontrar uma vaga de estacionamento na rua.
Mesmo com filas de clientes e esperas frequentes, esses locais ainda buscam se destacar entre o público jovem. Antônio Garcia Matias, da padaria A Camponesa, dá a receita do sucesso: "É preciso fazer as pessoas saírem do trivial e provarem produtos e locais distintos", diz. Não só a cidade, mas as pessoas devem ser diversas.
A CamponesaO pão que não chega a esfriar
Quase na esquina da Desembargador Westphalen com a José Loureiro, é possível encontrar pão quentinho para comer no balcão. Há 36 anos, a padaria A Camponesa está no mesmo endereço e o constante vaivém também. Paga-se no caixa, corre-se até o balcão e vê-se a manteiga, presuntos, mortadelas e queijos recheando o pão, que vai parar na barriga dos fregueses. "Eu não gostaria de vender pão quente para conservar melhor. Mas não chega a ficar frio", orgulha-se o proprietário Antônio Garcia Matias, 74 anos, em um sotaque que não esconde a origem portuguesa.
Com menos de R$ 5 é possível sorver um café com pão, o carro-chefe do local. "O sanduíche em si é o nosso destaque. É possível comer bem sem aquela sofisticação visual", explica Matias. A Camponesa oferece uma diferença aos demais locais: o momento de servir o pão sai do forno conforme a necessidade. Uma lógica que funciona com os clientes. "Não sei há quanto tempo compro aqui. Mas venho de Pinhais duas vezes por semana para comprar pão", relata o comerciante José Maria, 67 anos.
Mercearia VianaFila constante à espera da broa
Ao se dirigir à Catedral Metropolitana de Curitiba pela Cruz Machado, há quase sempre uma fila constante. Não se trata da espera para a entrada de alguma estação-tubo ou para qualquer ato religioso. A centenária Mercearia Viana encontra-se ali. Do alto de seus 106 anos, o local é atrativo para os interessados em levar uma broa para casa. "São 3 mil clientes por dia. Não conheço outro lugar no Brasil que venda essa quantidade", admite, sem falsa modéstia, Gilmar Veronese, 50 anos, em uma pequena sala acima da mercearia, de onde administra o espaço há 25 anos.
Ele não esconde o segredo do movimento. "Muita gente fica curiosa com isso. A broa da manhã já é velha. É com esse conceito que trabalho", diz. A qualidade derrama-se aos outros produtos, caso do pierogi, da Cracóvia e do pepino na parreira. "Procuramos não usar química alguma", diz Veronese.
E é justamente o aspecto caseiro que atrai a aposentada Doraci Almeida, 60 anos. "Acabei conhecendo o lugar por acaso há muitos anos. Desde então, compro sempre", afirma. A memória gastronômica também é garantia de retorno do freguês. "Minha mãe é polonesa e gosta do pãozinho típico daqui. Pelo menos duas vezes por mês, eu venho aqui para levar para ela", conta.
Confeitaria BlumenauStrudel e coalhada na São Francisco
Se você está com pressa, a Confeitaria Blumenau não é o lugar ideal para fazer um lanche. Embora se localize na Rua São Francisco, a poucos passos da Riachuelo um espaço rejeitado por parte da cidade , o local transmite tranquilidade, com ar bucólico difícil de encontrar. Com um pouco de tempo, é possível se deliciar com quitutes de origem germânica, como strudel, stolen e coalhada. "Somos uma casa específica de produtos alemães", resume Valmor, filho de Ilse Baumgart Maiochi, dona do espaço desde 1994.
Para dar todas as opções ao cliente, Valmor faz propaganda do café colonial, que custa R$ 13,90 valor menor do que um combo do McDonalds. Embora esteja no mesmo endereço há 48 anos, a localização continua a ser um rival que jamais se entrega. "Sobrevivemos dos clientes fiéis, que sentem prazer na culinária caseira", diz. Esse foi o conceito buscado por Leandro, 50 anos, enquanto aguardava a embalagem dos dois stolens que comprou. "A culinária me lembra os doces que comia em casa. Algo com qualidade diferente do que vemos nas grandes redes de hoje", diz.
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