Presos fazem novo princípio de rebelião em delegacia de Curitiba

Os presos temporários da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), no bairro Vila Izabel, em Curitiba, fizeram outro princípio de rebelião na madrugada desta quarta-feira (1º). O tumulto começou por volta das 2h e durou cerca de 30 minutos na galeria "A" da carceragem. A delegacia tem 184 detentos, divididos em 15 celas. A capacidade é para 32 presos.

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Uma equipe de quatro advogados da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vistoriou em Curitiba a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) – onde ocorreram dois princípios de rebelião nos últimos dois dias - e constatou diversas irregularidades nas condições da carceragem. Os problemas incluem superlotação e condições precárias em esgoto, fornecimento de água e eletricidade.

A vice-presidente da comissão, Isabel Kugler Mendes, contou que os 184 presos provisórios dividem 15 celas, pois uma das celas está interditada, por não ter banheiro e água. Segundo Isabel, os cubículos de 1,65m por 3,40m foram projetados para apenas uma pessoa e, em alguns casos, comportam 13. "É uma situação muito grave, cruel, contra tudo o que os direitos humanos defendem. Eles não têm condições nem de ficar sentados e dormir é impossível", declarou.

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Uma das alas também está abandonada por falta de luz e água. Atualmente o local é usado como depósito. "Seriam oito celas a mais para serem usadas que estão inutilizadas", afirma a vice-presidente. A Secretaria de Justiça prometeu transferir 32 presos condenados, que ainda estavam na delegacia, até sexta-feira (3).

Conforme informou Isabel, os problemas vão além da superlotação. "Semana passada eles ficaram quatro dias sem água, porque estourou um cano. Os policiais tinham que ir até o posto de gasolina comprar galões de dois litros que eram divididos entre 12 presos."

O esgoto também não é suficiente para comportar tanta gente e, a cada 45 dias, transborda e invade as celas. "Tem que colocar máscara para aguentar o cheiro. E eles precisam de carro-pipa para solucionar o problema", disse Isabel. Segundo ela, para evitar a burocracia, o carro-pipa é contratado de uma empresa particular, que cobra aproximadamente R$ 2,5 mil pelo serviço, dinheiro que sai do fundo rotativo da delegacia. Na parte elétrica, muitos fios estão expostos, o que provoca falta de luz em vários momentos do dia.

A Comissão de Direitos Humanos foi contatada na terça-feira por parentes de dois presos. Nesse dia, foi feita uma visita, mas a vistoria completa foi realizada nesta quarta-feira. De acordo com Isabel, a OAB vai acionar a vigilância sanitária para constatar os problemas e, se for o caso, pedir a interdição. "Vamos acioná-los para que venham e comprovem que há ratos, baratas e que muitos presos estão com que achamos que é sarna e outros cheios de feridas", disse Isabel.

Outro lado

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Segundo informação do delegado geral adjunto Francisco José Batista da Costa, repassada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil, os problemas de água, esgoto e eletricidade serão resolvidos "imediatamente", com o "adendo da dificuldade do problema de esgoto, porque os presos entopem de propósito". No entanto, ainda não há uma data exata para isso.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) tinha prometido mandar uma equipe de engenheiros e técnicos para avaliar a delegacia nesta quarta-feira, de acordo com a Comissão de Direitos Humanos. Mas, até as 18h, ninguém tinha ido. A Sesp, por outro lado, não confirma que havia uma vistoria programada.

Essa não foi a primeira visita da Comissão à delegacia. Segundo a vice-presidente, em outras ocasiões, problemas semelhantes tinham sido detectados, mas nunca de forma tão grave.