A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Ivaiporã e o Conselho Municipal de Segurança (Conseg) querem a imediata interdição da Cadeia Pública de Ivaiporã, região centro norte do Estado. O cadeião da cidade, que tem capacidade para alojar apenas 32 presos, mantinha na noite de sexta-feira (4), antes de uma nova fuga, 141 detentos.
As duas entidades pretendem acionar o Ministério Público para exigir a interdição da cadeia. E, se não for possível, propor em nome da OAB e do Conseg uma ação visando a transferências dos presos e fechamento da unidade de custódia provisória de presos. A argumentação é de a superlotação torna a cadeia um local totalmente insalubre e de alto risco para toda a comunidade, em função das fugas.
Para o presidente da subseção da OAB, Fernando José Santílio, a situação da cadeia está insuportável, "tanto para os detentos, expostos a condiçõe subumanas, quanto para os moradores da cidade que vivem em constante tensão, ante o risco de fugas. "Há mais de dez anos estamos reivindicando uma nova cadeia e não obtivemos respostas das autoridades", assinala Santílio.
Segundo o presidente do Conseg, David Soares Ruas, o quadro só não está pior, graças ao delegado Osnildo Carneiro Lemes, que conseguiu evitar fugas por mais de 10 meses, mediante um acordo estabelecido com a maioria dos presos. "O cadeião é um verdadeiro barril de pólvora, encravado no centro da cidade, e prestes a explodir a qualquer momento", avalia ruas, reafirmando o clima de medo entre a população, estimada atualmente em cerca de 38 mil habitantes.
David Ruas lembra que na noite de sexta-feira, durante a fuga, um casal de namorados foi feito refém pelos fugitivos, depois de ter tomado seu veículo de assalto no centro da cidade. "Infelizmente a comunidade de Ivaiporã não está sendo levada a sério pelo Estado e vem correndo risco diariamente", critica ele, acrescentando que, " pelo jeito falta à vontade política para resolver essa situação".O delegado Osnildo Carneiro Lemes concorda que a estrutura da cadeia pública de Ivaiporã é precária e não atende a demanda de presos da cidade e municípios vizinhos. "A cadeia precisa sair deste local com urgência; outra medida necessária é o aumento do efetivo da Policia Militar, para auxiliar na guarda externa. "Nós estávamos com 141 presos e apenas um funcionário para fazer a guarda", revela.
Lemes relata que há um ano, quando assumiu a 54ª DRP, havia 67 presos. "Um ano depois estamos com 140 e com esta progressão daqui a um ano podemos ter 280", calcula ele.
Recontagem
Nesta segunda, após recontagem dos detentos da Cadeia Pública de Ivaiporã (CP), subiu de 14 para 19 o número de presos que conseguiram se evadir do local na noite de sexta-feira. Até o final da tarde de ontem, a polícia havia recapturado 6 foragidos.
Fábio Fernando de Souza e Jean Rodrigo Pereira foram pegos na mesma noite da fuga, em Lunardelli, depois de tomarem um casal de assalto, levando-os como reféns em seu próprio veículo. No sábado, a polícia prendeu em Ivaiporã Edu Rosa de Souza e Ademir Lima de Oliveira. No domingo, foram recapturados, José de Oliveira, em Lidianópolis; e Adriano Regis Zaramella, na cidade de Sumaré, interior de São Paulo.
Em outubro do ano passado o delegado Osnildo Carneiro Lemes recorreu a inusitado acordo com os presos para evitar novas fugas, tentando driblar a superlotação do cadeião. Pelo acordo celebrado os detentos tinham acesso livre aos corredores das galerias e também ao solário; eles podiam até pernoitar nestes espaços, desde que não houvesse fugas. Com a fuga do fim de semana o acordo foi quebrado.