Brasília (AE) Sem alarde, o Senado se prepara para adotar uma medida que promete causar polêmica. Na contramão das críticas pelos gastos com a convocação extraordinária do Congresso, a Direção do Senado resolveu investir cerca de R$ 130 milhões na construção do anexo III da Casa. Trata-se de um complexo com 83 mil metros quadrados, composto por um moderno prédio de 12 andares e um auditório para 600 pessoas.
O sinal verde para as obras partiu do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no fim do ano passado. Os projetos da edificação já estão prontos e foram feitos pelo escritório do arquiteto Oscar Niemeyer. A licitação para o complexo anda a passos rápidos: o edital deverá ser publicado em março.
O projeto está sendo tocado sob sigilo pelos senadores. Não é difícil entender o motivo. A Direção do Senado avalia que a grandiosidade dos números é proporcional à dimensão da encrenca. Chamuscado por parlamentares mensaleiros e pelos salários extras da convocação extraordinária, o Congresso passa por uma das mais sérias crises de credibilidade dos seus quase 200 anos.
Temores
Neste contexto, o anúncio de uma obra para acomodar melhor os senadores e os funcionários da Casa causa temores justificados. "Sabemos que a imprensa vai bater, mas é uma obra necessária, uma reivindicação antiga dos servidores", defende o diretor-geral do Senado, Agaciel da Silva Maia.
Segundo o diretor, a obra está prevista desde 1984, mas nunca começou em razão do temor dos seguidos presidentes do Senado, que sempre nutriram receio da reação da opinião pública. "Desta vez, fizemos uma discussão e houve um consenso sobre a necessidade de tocarmos para a frente este projeto", conta.
Agaciel explica que falta espaço para alojar os 3.500 servidores e 81 senadores. "Estamos trabalhando no limite.
A Liderança da Minoria e órgãos como a segunda e a quarta Secretaria da Mesa trabalham em condições precárias", assegura o diretor.