Sem placa com título ou explicação de seu objetivo, uma obra de arte exposta pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg) esta semana gerou críticas nas redes sociais por suposta apologia ao aborto. “Tem uma árvore de abortinhos no pavilhão 4”, divulgou uma visitante da exposição em publicação nas redes sociais.
No vídeo divulgado, foi mostrado o longo tecido vermelho ligado a uma árvore seca com bonecos pendurados — muitos de cabeça para baixo — e mantidos com tecidos da mesma cor amarrados em seus galhos.
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“Se eu não fosse cristão, teria desejado que ela é que estivesse nessa tal ‘árvore de abortinhos’, assim não teria vivido para falar essa asneira”, criticou o deputado federal Capitão Alden (PL-BA) em suas redes sociais. “O que esperar dessa geração que arrota empatia, tolerância e amor, mas lida com a questão do aborto com tanta tranquilidade como se a cabeça de um bebê fosse algo insignificante?”, repercutiu a influenciadora digital e palestrante católica Karen Nery.
Em resposta às críticas, a universidade postou uma nota em suas redes sociais informando que a obra foi instalada nas dependências da universidade em alusão a um evento direcionado a estudos ambientais acompanhado por cerca de 150 pessoas, entre estudantes e interessados.
Portanto, teria o intuito de “promover reflexão sobre o papel de interdependência entre nós e a natureza, e como as violências praticadas sobre a natureza refletem em violências praticadas conosco”, explicou o pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado, citado na publicação.
Em entrevista à Gazeta do Povo, ele informou que o tema foi escolhido devido à recente derrubada de áreas verdes no município de Rio Grande, e que a Jornada de Estudos Ambientais tratou do assunto com palestras, oficinas e também por meio da arte.
“Convidamos a cenógrafa local Margarida Rache, e ela aceitou participar porque apoia movimentos ambientais como o RioGrandeQuerVerde”, informou, pontuando que a obra não teve custo nenhum para a universidade e que seu intuito seria discutir, principalmente, “impactos da destruição florestal como a mortalidade em função da destruição das matas e das guerras”.
No entanto, ele relata que pessoas viram a exposição em frente à sala do evento e, “como pode ocorrer com qualquer manifestação artística, criaram interpretações diferentes” da que foi proposta.
Ao ser questionado a respeito da instalação de uma placa no local com explicação da obra, Prado informou “que o artista não precisa necessariamente explicar sua arte” e que os organizadores do evento tinham conhecimento do que seria exposto.
“Mas temos um grande problema hoje: informações que não são refletidas, que são divulgadas de forma muito apressada com interpretações equivocadas e com ausência do debate”, criticou o pró-reitor, que também é historiador e músico.
Explicação da artista Margarida Rach
Em entrevista à Gazeta do Povo, a artista gaúcha Margarida Rache relata que ficou surpresa com a repercussão e que sua intenção com a obra era o contrário do que ocorreu. “Sou uma defensora da vida”, afirmou, ao citar que a intenção era alertar para a necessidade de o ser humano cuidar do meio ambiente para que a vida continue.
“Estamos vivendo um momento de muita agressividade e violência, não só contra os seres humanos, mas contra a natureza, e não posso separar o homem da natureza, pois o homem é fruto dela”, disse. “Existe uma interdependência.”
Ela ainda informou que as crianças penduradas na árvore seca tinham o intuito de demonstrar que as crianças, assim como todo ser humano, podem morrer se a natureza deixar de existir. “Essa violência contra a natureza reverbera no ser humano”, pontuou, repetindo que sua intenção era falar de vida.
“Não acho errado terem interpretado como aborto, mas esse assunto nunca passou pela minha cabeça”, finaliza a artista.
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