Uma broca surgiu em meio ao parquinho do Bosque Gomm, em Curitiba, na quarta-feira (10), junto com tubos, escavadeiras e funcionários terceirizados da Sanepar. A obra – uma reestruturação da rede de esgoto – pegou de surpresa os frequentadores e defensores da área verde no Batel. Em tese, nenhuma intervenção na área pode ser realizada. Uma liminar estabelece multa de R$ 100 milhões caso a decisão judicial seja descumprida.
O advogado Cesar Franceschi comunicou o juiz Fernando Andreoni Vasconcellos, da 1.ª Vara de Fazenda Pública, sobre a interferência. O magistrado pediu informações para a prefeitura. A situação mobilizou, nas redes sociais, os defensores da área. Há suspeitas de que o aumento no despejo de esgoto na região tenha sobrecarregado a rede ou que o estacionamento irregular de veículos na região tenha comprimido a terra e pressionado os canos.
Moradores do entorno e frequentadores lutam para transformar o local em uma área verde pública e protegida. Diversas atividades, como oficinas para crianças, acontecem no espaço. Ativistas queriam ter sido consultados antes da obra para decidir, em conjunto, qual seria a estratégia de menor impacto.
A Gazeta do Povo procurou a prefeitura de Curitiba, que informou que técnicos do departamento de pesquisa e monitoramento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) embargaram e notificaram os responsáveis pela obra, que estava sendo executada por uma empresa contratada pela Sanepar, em lote contiguo ao Bosque Gomm. “A empresa foi autuada pois não tem autorização do município para acessar e descarregar materiais nos imóveis da prefeitura localizados ao lado do bosque e muito menos para remover a vegetação”, informa a nota. A prefeitura reitera que a intervenção é necessária e que emitiu um parecer positivo em relação à obra. O problema é que a empresa extrapolou os limites do terreno em que havia autorização para a mudança do encanamento.
A Sanepar informou, por meio de nota, que tem um programa permanente e preventivo de substituição de redes antigas e que tinha autorização da prefeitura de Curitiba para fazer a obra no Bosque Gomm. Seriam instalados 600 metros de tubulações em PEAD (polietileno de alta densidade), sem juntas, o que reduziria riscos de vazamentos e causaria menos estragos na instalação. Os serviços foram suspensos na manhã de quinta-feira (11), depois de uma notificação da prefeitura. A empresa espera agora uma resposta para retomar a obra, que seria necessária devido à idade da rede e à possibilidade de rompimento.
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