A duplicação da BR-467 entre Toledo e Cascavel, prevista para estar pronta em março do próximo ano, será motivo de festa nos dois municípios. O trecho é pequeno, apenas 35,6 quilômetros, mas a obra está sendo encarada como marco da nova fase de integração entre as cidades que, juntas, lideram o desenvolvimento econômico na região Oeste do estado. "É uma reivindicação antiga que, finalmente, vai virar realidade", disse o vice-prefeito de Toledo, Lúcido de Marchi, durante os debates da quinta etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na última quinta-feira, em Cascavel. Lísias Tomé, o prefeito anfitrião do evento, fez coro: "De agora em diante, será vida nova."

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Por vida nova entenda-se a transformação da rodovia em uma grande avenida ladeada por condomínios industriais e residenciais – projeto que já está em andamento – e a redução do número de acidentes e no tempo médio de viagem entre os dois municípios, que deve cair de 40 para 20 minutos. Cinco mil veículos trafegam por esse trecho da BR-467 todos os dias, a maioria (60%) caminhões.

Para a duplicação, o governo do estado está investindo R$ 27 milhões. Outros 50 milhões serão gastos em obras complementares, como viadutos, pavimentação de trechos urbanos e de 42 quilômetros entre Toledo e Quatro Pontes. O impacto será para toda a região.

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As empresas e cooperativas do Oeste que o digam. Só os caminhões da C.Vale, de Palotina, uma das maiores cooperativas da região, transportam 10 milhões de sacas de soja, trigo e milho todos os anos, para compradores no Rio Grande do Sul ou para exportação, a partir do Porto de Paranaguá. No caminho, têm de passar pelo trecho da BR-467 que está sendo duplicado. "Vai ser uma mão na roda", disse Ademar Pedron, diretor vice-presidente da C.Vale. Para Pedron, é impossível pensar em desenvolvimento no Oeste sem considerar o que acontece em Toledo e Cascavel. "Esse espírito cooperativo que as duas cidades estão demonstrando têm de passar para todos os municípios", disse ele.

Há quem vá mais longe. Para Gilmar de Souza, diretor geral da Manica Móveis, de Corbélia, é hora de começar a pensar em uma Região Metropolitana de Cascavel. "A interdependência entre os municípios é muito grande e já não se pode mais planejar de forma individual", propôs Souza, também bastante satisfeito com a obra na BR-467. Caminhões de sua empresa, que têm lojas no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, cruzam o trecho todos os dias. "Acidentes são bastante comuns nesse trajeto", disse ele. "Agora, a segurança deve aumentar."

Quem também está preocupado com a segurança é o vietnamita naturalizado brasileiro André Vu, que há cinco anos instalou em Cascavel uma fábrica de macarrão instantâneo, a Oriente. Nesse tempo, o motorista de um de seus caminhões morreu em um acidente entre Toledo e Cascavel. "Espero que isso nunca mais aconteça", disse Vu. Com capacidade para produzir 18 toneladas por dia, sua empresa vende para todo o Brasil e também para Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. "Esta é uma região próspera, que permite crescer", afirmou. "Só precisa do trabalho de todos."

As prefeituras de Cascavel e Toledo parecem ter entendido o recado. Criados por lei estadual no mesmo dia – 14 de novembro de 1951 –, desmembrados de Foz do Iguaçu, os dois municípios alimentaram desde então uma rivalidade que vai da política ao futebol. Agora, os ânimos são outros. "Juntos, podemos ser a locomotiva do desenvolvimento do Oeste", afirmou o prefeito Lísias Tomé, de Cascavel. Juntas, as duas prefeituras vêm insistindo, com os governos federal e estadual, na construção de um aeroporto regional e até dividem compras, para baratear custos, como a de câmeras de segurança.