Depois de acertada definitivamente a Arena da Baixada como a casa da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba, surge outro impasse: a necessidade de desviar o Rio Água Verde, que, canalizado, passa embaixo das arquibancadas do estádio, no lado da Avenida Getúlio Vargas. Entre a prefeitura e governo do estado não há consenso sobre a necessidade da obra.
Segundo o prefeito Luciano Ducci, a ideia é não fazer desvios no rio. "Não há previsão de mexida, pois, de acordo com os últimos estudos do Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba], não será preciso fazer a retificação do Rio Água Verde. Estamos aguardando para ver se será isso mesmo." Segundo a prefeitura, o Rio Água Verde receberá apenas obras de drenagem.
Já o governador do Paraná, Orlando Pessuti, garante que o desvio é necessário e será feito. "O rio vai ter de ser desviado. É uma obra que está prevista já pelo plano diretor e pelo Caderno de Encargos da Fifa", afirma o governador. "Será modificado para ampliação do estádio. Tem de fazer colocação das novas estruturas e isso não pode ser colocado dentro do rio. Já [está] devidamente planejado pelo Ippuc e demais organismos responsáveis", acrescenta.
De acordo com o membro fundador do Rotary Club Água Verde, Alceu Pickler, morador há 44 anos do bairro e um dos responsáveis por um mapeamento do rio em 1999, era comum, no passado, que o campo do Atlético ficasse alagado. Quando a Arena foi construída, entre 1997 e 1999, a estrutura de canalização foi, então, alargada. "Mesmo assim, quando chove forte do lado de fora, na rua logo atrás do estádio, a Coronel Dulcídio, alaga tudo", conta Pickler.
Para o professor de Drenagem Urbana do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Roberto Fendrich, o alagamento da Coronel Dulcídio tem relação com a capacidade limitada do canal do Rio Água Verde. "Mas isso acontece quando ocorre chuva em caráter de excepcionalidade. Você não calcula canais para vazões monstruosas", explica. Segundo Fendrich, outro sintoma do problema é a formação de "chafariz", quando chove, em bocas de lobo e poços de visita.
Fendrich frisa que os comentários são baseados em hipóteses (já que ele não teve acesso ao projeto do estádio), mas, de acordo com o especialista, há solução para o problema. Essas soluções, porém, podem ser dispendiosas demais e sugerem obras de grande intervenção. "O rio está confinado, é complicado abrir. O custo para cortar e redimensionar a galeria seria altíssimo e teria de mexer em toda a extensão da canalização. Teria de arrebentar do começo ao final", diz.
Um desvio também é difícil, segundo Fendrich. "Vai desviar para onde? Exigiria escavações monstruosas. Uma opção seria o desvio pela [Rua] Brasílio Itiberê, que precisaria escavações menos monstruosas, mas, como há uma subida, é uma obra quase impossível", afirma. "Ali é fundo de vale, a água tende a escoar para o ponto mais baixo, por isso que ali ficou conhecido como baixada", complementa. Para o especialista, com as opções que estão na mesa, é possível que o canal do Rio Água Verde fique mesmo onde está e como está. "A Copa acontece em período de seca", lembra o engenheiro.
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