O atraso na construção do Hospital Regional de Telêmaco Borba (HRTB), na Região do Campos Gerais, cuja construção se arrasta desde 2009, deixou a população da cidade sob o risco de não ter acesso a procedimentos básicos, como obstetrícia. Isso porque o único hospital da cidade, Casa de Saúde Dr. Feitosa, que é particular e atende por um convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), não tem conseguido manter uma equipe completa de médicos.
Sem pediatra desde 2012, os obstetras que atendem na unidade de saúde, paralisaram os atendimentos no último sábado fechando a maternidade. Desde então, as gestantes que estavam internadas foram mandadas para casa e somente partos de risco habitual considerados de emergência são realizados na unidade. Segundo o diretor administrativo, Daniel Martins Alves, a dificuldade em manter médicos especialistas é antiga. "Temos nove pediatras na cidade e nenhum quer atender pelo SUS. Já oferecemos várias oportunidades, mas ainda não encontramos ninguém".
As gestantes que necessitam de atendimento passam por uma triagem no Centro de Parto "Mãe Paranaense", que fica em anexo ao Pronto Atendimento Municipal (PAM). Lá, são encaminhadas conforme o diagnóstico de um obstetra. Segundo o chefe da 21ª Regional de Saúde, Roberto Amatuzi Franco, os partos normais são realizados no próprio Centro; os de risco habitual, em que não há tempo hábil para encaminhamentos, estão sendo feitos no hospital Dr. Feitosa. Já aqueles considerados de risco intermediário [que envolve indígenas, adolescentes] são encaminhados para o Hospital Evangélico, na cidade de Ponta Grossa. Os casos de gestação de alto risco [envolvendo gestantes obesas, hipertensas e que já sofreram abortos] são encaminhados para o hospital Nossa Senhora do Rossio, em Campo Largo. Inacabado
Enquanto isso, o Hospital Regional de Telêmaco Borba (HRTB), que deve atender sete municípios da região, segue com as obras inacabadas. São 7,2 mil metros quadrados que deverá abrigar 161 leitos, sendo 104 de internação e 57 de observação.
O atraso nas obras do HRTB, iniciadas em março de 2009, começou quando o projeto inicial passou por uma revisão.
Contudo, a empresa licitada enfrenta problemas de execução e está desenvolvendo as atividades em ritmo lento, segundo a Paraná Edificações. Devido a demora, a Paraná Edificações avalia rescindir o contrato atual e licitar uma nova empresa para concluir a obra, orçada em R$20,5 milhões. "Com isso, o prazo para conclusão foi estendido para março do próximo ano", informou a assessoria.
Da área total, 9% das obras ainda precisam ser concluídas. Depois do termino da parte física, unidade ainda precisa ser equipada e os profissionais que já fizeram concurso público em 2009 chamados para assumir suas funções.
Depois de drama, mãe consegue dar à luz
Foram quase 15 dias de angústia e incertezas até que Elaine Cristina de Oliveira, de 24 anos, pudesse segurar seu filho nos braços. A jovem, que já é mãe de outras três crianças, estava com 39 semanas e meia quando passou mal pela primeira vez. Ela foi hospitalizada no dia 11 com contrações e quatro dedos de dilatação. Sem evolução, ela permaneceu sedada na unidade de saúde até a manhã do dia 13, quando o obstetra plantonista deu alta para ela e outras gestantes. "Ele disse que a maternidade estava fechando e que só deveríamos procurar o Mãe Paranaense [centro de partos do município] em último caso", lembra.
Em casa, a gestante continuou com dores e começou a ter perda de líquido. Na última segunda-feira, depois de uma nova avaliação médica através do Centro Mãe Paranaense, Elaine foi novamente hospitalizada, mas sem previsão de parto. "Tive muito medo, porque a cada dia meu filho mexia menos. Ganhei os outros [três filhos] de parto normal com 37 e 38 semanas, agora esse, com 40 semanas, só tinha contração e dor o dia inteiro", lembra.
O drama da jovem mãe acabou na quarta-feira (24), quando ganhou seu bebê. O menino nasceu de um parto cesariana e passa bem.