Quando se ouve falar em birdwatching, termo utilizado para designar a prática de observação contemplativa de aves, não se imagina a amplitude desse tipo de atividade no Brasil e no mundo. Apesar do pouco incentivo, o Paraná é um dos destinos mais procurados pelos adeptos desse tipo de turismo. E Curitiba embora tenha fama de chuvosa e pouco ensolarada concentra mais da metade das espécies de aves encontradas no estado. De quebra, está próxima de regiões verdes completamente diferentes, como a de Campos Gerais e a Mata Atlântica.
No país, o Paraná é um dos poucos estados que tem levantamento completo de suas espécies de aves. Isso é um diferencial positivo na escolha do destino pelos turistas, afirma o ornitólogo Fernando Straube, diretor da Hori Consultoria Ambiental. De acordo com ele, das 756 aves catalogadas no Paraná, 400 podem ser vistas em Curitiba. A maioria está concentrada no corredor verde de parques junto ao rio Barigui.
Os adeptos do birdwatching viajam exclusivamente para ver de perto e normalmente fotografar espécies exóticas de pássaros e aves de rapina. Nos Estados Unidos, a prática é um dos tipos de turismo mais rentáveis, mas no Brasil ainda sofre com a falta de incentivos.
Agora, o Instituto Municipal de Turismo de Curitiba (Ctur) estuda a implantação de um circuito autoguiado para a observação de pássaros pelos parques da capital. O roteiro será determinado por especialistas e deve abranger áreas como Barigüi e Tingui, a Universidade Livre do Meio Ambiente e o Bosque Alemão.
Cristiane Santos, diretora de Turismo do Ctur, afirma que o roteiro deverá ser finalizado até abril.
Embora setembro e outubro sejam os meses mais indicados para observação de aves, a cidade recebe a visita de espécies migratórias vindas do sul do continente no inverno, o que possibilita a prática durante o ano inteiro.
Segundo Raphael Sobania, guia de birdwatching há 20 anos, duas espécies raras, encontradas somente na região Sul, atraem muitos turistas: o Cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides), que ilustra esta página, e a Corujinha-do-Sul (Megascops sanctaecatarinae).