Depois de presenciar a explosão de dois tanques de álcool da indústria de óleos Imcopa, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba (RMC), no último dia 18, o sobrevivente Gildemar Batista de Macedo, 41 anos, enfrenta uma crise momentânea. Ele teve o rosto e as costas queimados durante o acidente e, a cada dois dias, precisa voltar ao Hospital Evangélico, na capital, para trocar os curativos. O choque e o susto fizeram com que Macedo ficasse mais calado e em casa. "Ele está depressivo. Nunca tinha ficado desse jeito. Perdeu os melhores amigos do trabalho no acidente", conta a mulher Maria Lúcia da Silva.
A esposa relata que o momento da explosão volta à lembrança de Macedo freqüentemente. "Ele fecha os olhos e parece que está vendo o que aconteceu. Fala o tempo todo neles (amigos)", afirma Maria Lúcia. Gildemar contou a familiares que, durante o acidente, só viu um clarão e foi queimado pelo calor do fogo. Ele diz que chegou a quebrar uma parede de compensado para escapar das chamas. O soldador tem recebido o apoio da família e contou com o acompanhamento de psicólogas da Imcopa enquanto esteve no hospital, até a última segunda-feira. "Agradeço a Deus todos os dias por ele estar aqui", afirma a esposa.
A psicóloga e professora da Universidade Federal do Paraná, Nadja Nara Barbosa Pinheiro, explica que esse tipo de crise acontece sempre que o aparelho psíquico de alguém sofre um choque muito grande, que pode ser fruto de um acidente como esse, de algum tipo de violência ou de a perda de alguém próximo. "A carga afetiva acaba sendo maior do que você pode suportar no momento", conta. "Algumas pessoas responderão de forma mais saudável e outras de forma patológica. Elas não saem de casa, não fazem contato com pessoas estranhas, ficam mais sozinhas e mais entristecidas, podendo chegar a uma síndrome do pânico ou depressão", explica Nadja.
Para a psicóloga, apesar de não se saber por quanto tempo essa crise possa durar, pois varia para cada pessoa, "o mais importante é saber que isso é passageiro" e o melhor remédio é externar os sentimentos. "A gente parte do princípio que o melhor é falar com outras pessoas, assim elas podem tentar compreender o que aconteceu", justifica Nadja. (JO)
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