O Rio Jaguaricatu, que já tinha recebido entulhos dos seus afluentes antes de passar por Sengés, ganhou velocidade ao se encontrar com o chamado Ribeirão da Ponte, no centro, durante o temporal da semana passada. Essa é a hipótese preliminar para o poder destrutivo do rio, segundo o coordenador do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Renato Eugênio de Lima. Ele visitou Sengés na última quinta-feira e percebeu os estragos. "Esses imóveis arrancados pela correnteza resistiriam se tivesse ocorrido uma cheia normal", completa.
Ele explica que o excesso de chuva atingiu um corredor de Curitiba até a divisa com São Paulo, promovendo cerca de 500 deslizamentos nas áreas montanhosas e enchentes nos municípios. Para Lima, a tragédia deixou como lição a necessidade de cuidar das margens. "O rio tem que permitir encher de vez em quando", lembra.
O tenente da Defesa Civil na região, Jorge Augusto Ramos, lembrou que a ocupação irregular já é histórica. "As pessoas constroem nos barrancos dos rios e, quando começa o período de chuvas, é isso que acontece", comenta. A Defesa Civil já interditou duas residências, mas vai manter as vistorias.
O professor do departamento de Engenharia Civil da UFPR, Eduardo Dell Avanzi, lembra que é necessário fazer um estudo técnico para verificar se o fenômeno voltará a ocorrer e montar planos de salvamento e rotas de saída da cidade. A saída encontrada pelo município de União da Vitória, no Sul do Paraná, que é cortado pelo Rio Iguaçu, foi remover as famílias das áreas de riscos e construir praças de contenção nos locais onde ele mais subia. O município, que teve enchentes históricas em 1983 e 1992, ainda tem três áreas de risco e vai construir 43 casas em conjunto com a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). A prefeitura de Sengés ainda não tem planos de prevenção. "Isso tudo ainda terá que ser estudado", diz o prefeito Walter Juliano Dória. (MGS)
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