Estudantes estão no local desde o dia 31 de agosto| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A ocupação do prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por alunos, que entrou no décimo dia nesta quarta-feira (9), pode prejudicar a liberação de bolsas aos estudantes da instituição. O acesso dos funcionários seria necessário, segundo o vice-reitor da UFPR, Rogério Mulinari, para que os computadores com programas para a liberação do pagamento estejam acessíveis.

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De acordo com Mulinari, não é em qualquer máquina (computador) que um funcionário pode realizar a liberação da verba. “Há necessidade de uma pessoa, com uma senha, acessar um computador que tenha um programa específico e que seja certificado para isso”, explica.

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UFPR notifica sindicatos por ocupação

A UFPR, além de ter notificado os estudantes na sexta-feira (4) para que deixassem o prédio da reitoria, também enviou notificação extrajudicial ao sindicato dos servidores da UFPR (Sinditest) e ao sindicato dos professores (Apufpr) para que a ocupação do prédio da universidade termine. Segundo o vice-reitor Rogério Mulinari, há participação tanto dos professores quanto dos técnico-administrativos para que o prédio da instituição continue tomado pelos alunos.

“Entendemos que são partícipes (desse processo) e notificamos os sindicatos por serem entidades de direito público”, disse. O prazo dado pela UFPR é de 48 horas, mesmo se tratando de um documento extrajudicial. A Gazeta do Povo tenta contato com representantes do Sinditest e da Apufpr para saber se o pedido da universidade será atendido ou se há alguma outra posição das instituições a respeito do assunto.

No prédio da reitoria funcionam vários departamentos, como o de contabilidade e finanças, de onde são feitas as liberações da verba. Entre as bolsas estão as de extensão, monitoria, atleta, cultura, iniciação científica e para os alunos do Programa de Benefícios Econômicos para Manutenção aos Estudantes de Graduação e Ensino Profissionalizante (Probem), pago a estudantes com fragilidade socioeconômica. Recebem dinheiro da reitoria cerca de dois mil alunos que integram esse programa, segundo Mulinari.

“As bolsas são pagas no quinto dia útil do mês. Lamentavelmente este ano o quinto dia útil em Curitiba ocorre hoje (dia 9). Se fizéssemos o pagamento no dia 10 (quinta-feira), ainda haveria um prazo de 48 horas para que o dinheiro chegue na conta dos alunos. Com isso, o aluno receberia o pagamento na segunda-feira (14)”, explica o vice-reitor.

Liberação

Mesmo com o problema do pagamento aos estudantes, os alunos que integram o grupo que ocupa a reitoria da UFPR dizem que não deixarão o local, mas que vão liberar o acesso dos funcionários que podem realizar os serviços que envolvam esse pagamento.

Em nota divulgada do Facebook nesta quarta-feira, os estudantes dizem que “o prédio estará disponível para atender e processar as demandas administrativas urgentes, e, em caso de atrasos injustificados, os estudantes não irão hesitar em procurar seus direitos para exigir os pagamentos das bolsas e a responsabilização por eventuais danos causados pelos administradores da UFPR”. A estudante Graziela Oliveira, que integra o movimento, disse que os alunos ainda não foram procurados pela reitoria para que funcionários pudessem entrar no prédio.

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Dez dias

Os estudantes devem permanecer pelo menos até a próxima segunda-feira no prédio da instituição, quando uma nova assembleia será realizada. Eles pedem mais agilidade nas negociações por parte da reitoria; a suspensão do calendário letivo; a não criminalização dos estudantes grevistas; melhorias na assistência estudantil; a devolução do prédio do Diretório Central dos Estudantes da UFPR; e que os compromissos assumidos verbalmente por parte da reitoria sejam firmados por escrito.