Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
No cárcere

Oficinas são preparo para a liberdade

Há cinco meses, a rotina de J. L., 32 anos, na Prisão Provisória de Curitiba (PPC), tem textura, cheiro e sabor. O detento se tornou padeiro e se prepara para fazer um curso de confeiteiro. Quando puder voltar para casa, pretende mudar de profissão. "Fazer pão é uma arte", diz, enquanto explica como detectar o "ponto de véu" da massa.

J. L. é um dos 50 presidiários que já passaram pelo projeto encabeçado pelo empresário Marcos Ramón, que reativou a padaria do Ahú. Ao todo, são mais de 40 propostas do gênero apenas no PPC, das mais diversas naturezas. Nem todas são, a rigor, profissionalizantes, mas "ações intensivas", como são chamadas, por terem duração rápida. Há casos de parcerias, como a da Escola de Música e Belas Artes (Embap), que há um ano se tornou freqüente no Ahú, fazendo concertos semanais para os detentos. Em todas as situações, além de educar, ensinar ofícios e entreter, a finalidade é trabalhar pelo fim da reincidência, um dos fantasmas do sistema carcerário brasileiro, hoje com 300 mil presos, o dobro de dez anos atrás.

Na linha profissionalizante, a exemplo da padaria de Ramón, 93 novos programas estão previstos para o ano que vem, em 14 das 17 unidades do estado. A expectativa é profissionalizar mais 28% da população carcerária condenada. Estima-se hoje que, apenas no Ahú, 65% dos presos estejam alistados em algum programa de laborterapia.

Para participar, os detentos passam por uma triagem, sendo entrevistados por psicólogos, psiquiatras, médicos, assistentes sociais, advogados. Depois de uma bateria de testes decide-se sobre as condições de se integrar ou não a oficina. A segurança é levada em conta na hora da implantação. O número de oficineiros permitido para cada proposta não pode ser revelado. A vontade do encarcerado também é considerada.

O major Raul Leão Vidal, da direção da PPC, destaca entre as novidades da casa um projeto destinado aos que estão terminando a pena. São 21 palestras, feitas por técnicos da penitenciária, nas quais se fala de temas da atualidade – desde família até política e economia. "É uma preparação para a liberdade", diz a psicóloga Rita de Cássia Naumann, que atua no presídio.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.