Ministério da Agricultura vai estender investigação a todo o país
O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, vai ampliar para todo território nacional a investigação sobre adulteração no leite com adição de ureia agrícola, fraude que resultou na prisão de oito pessoas nesta quarta-feira, 8, no Rio Grande do Sul. A diretora substituta do Dipoa, Judi Nóbrega, explicou que até o dia 20 deste mês serão coletadas análises em 90 usinas para detectar todos os tipos de fraudes possíveis.
Secretaria de Saúde do PR aguarda posição da Anvisa
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná informou que aguarda posicionamento da Anvisa para tomar alguma medida em relação a lotes de leite contaminado que possam ter sido distribuídos no estado. "No momento não podemos dizer se existe algum risco para os consumidores, pois não sabemos se há lotes de leite adulterado que foram comercializados no Paraná", diz a nota. "Estamos aguardando comunicações oficiais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para, no caso, tomar as providências necessárias, quais a eventual interdição cautelar ou a retirada do produto".
Ainda hoje a Anvisa deve requerer acesso aos autos da investigação e emitir uma nota para esclarecer a situação. A suspeita é que lotes de leite adulterado com água e uréia tenham sido comercializados não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outros Estados.
A Sesa disse ainda que estava entrando em contato com as empresas envolvidas e com a Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul e - caso se torne necessário - será expedida uma medida cautelar", afirmou a assessoria de imprensa do órgão.
A polícia prendeu nesta quarta-feira (8), oito pessoas acusadas de adulterar lotes de leite no Rio Grande do Sul. A operação, comandada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), foi desencadeada em três regiões do estado: Guaporé, Ibirubá e Horizontina. A operação, denominada "Leite Compen$ado", contou com apoio do Ministério da Agricultura e da Receita Federal
As investigações, realizadas pelas Promotorias de Justiça Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor da capital, apontam que cinco empresas de transporte de leite adulteraram o produto entregue para a indústria. São cumpridos nove mandados de prisão.
Uma das formas de adulteração identificadas é a adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de 1 kg deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite. Amostras coletadas durante três meses de investigação em supermercados apontaram fraude em 14 lotes do produto.
A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia - produto que contém formol em sua composição - e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que, mesmo depois, dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro.
Segundo o Ministério Público, as empresas investigadas transportaram aproximadamente 100 milhões de litros de leite entre abril de 2012 e maio de 2013. Desse montante, estima-se que um milhão de quilos de ureia contendo formol tenham sido adicionados.
De acordo com a Superintendência do Ministério da Agricultura do Rio Grande do Sul, os lotes adulterados teriam sido recolhidos antes de deixar o estado. Porém, a assessoria do órgão ressalta que algumas unidades do produto podem ter sido revendidas antes do recolhimento. A orientação é para os consumidores conferirem quais são os lotes contaminados antes do consumo.
Lotes adulterados
A assessoria de imprensa do Ministério Público do Rio Grande do Sul informou que foram constatadas irregularidades em lotes das marcas Italac, Bom Gosto, Mumu, Latvida e que a comercialização ocorreu somente no estado gaúcho.
Outro lado
A empresa Mu-Mu se manifestou por meio de nota oficial e destacou que "a investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica. A empresa atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento".
Os consumidores que compraram produtos do lote 3 ARC, fabricado em 18 de janeiro de 2013, ou em caso de dúvidas, devem entrar em contato com o Sistema de Atendimento ao Consumidor. O telefone é 0800 51 7542 e funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 18h30 e, aos sábados, das 7h30 às 13h30.
A Italac, por sua vez, em nota, afirmou que "o problema foi pontual, ocorrido no Rio Grande do Sul, e aconteceu no transporte do leite cru entre a fazenda e o laticínio, antes de ser industrializado". A empresa também diz que "os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Todo o leite ITALAC encontra-se em perfeitas condições de consumo com total segurança e qualidade".
A empresa ainda afirmou que apoia as ações do Ministério da Agricultura e do MP no sentido de assegurar a qualidade do leite.
Veja abaixo os lotes que apresentaram adulteração por formol:
Italac Integral (lotes L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1);
Italac Semidesnatado (lote L12KM1);
Bom Gosto/Líder UHT Integral (lote TAP1MB);
Mumu UHT Integral (lote 3ARC);
Latvida UHT Desnatado (Registro 37/661);
Latvida UHT Semidesnatado (Registro 48/661);
Latvida UHT Integral (Registro 36/661);
Latvida Semidesnatado (Registro 48/661);
Latvida Integral (Registro 24/661).
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