Oito policiais rodoviários federais foram presos ontem, no Oeste do estado, acusados de envolvimento com uma quadrilha de contrabando que agia no Paraná e em São Paulo. A Operação Carro-Forte das Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF) cumpriu, até o fim da tarde, 16 mandados de prisão em Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Céu Azul, cidades próximas da fronteira com o Paraguai.
As investigações feitas ao longo de dois anos revelaram que os policiais detidos recebiam propina para facilitar a entrada de produtos do Paraguai. O superintendente da PF no Paraná, delegado José Alberto Iegas, diz que, além de receber propina para "fazer vista grossa" às cargas de cigarro, eletrônicos e equipamentos de informática, os próprios patrulheiros chegavam a fazer o transporte das encomendas. "Um dos policiais chegou a ser preso dirigindo um automóvel carregado com US$ 200 mil em câmeras digitais", afirma.
Segundo a PF apurou, os oito policiais têm um padrão de vida elevado, incompatível com os salários que recebem da corporação. A maior parte da propina recebida era usada na compra de imóveis, carros de luxo e empresas. Estima-se que o valor das mercadorias ingressadas ilegalmente no país pela quadrilha passava de R$1 milhão por mês.
Ao todo, a operação mobilizou 156 agentes federais e foram apreendidos dez automóveis, uma moto, uma moto náutica, uma lancha com motor, armas, munições, celulares, computadores, aproximadamente R$ 145 mil em cédulas e R$ 56,5 mil em cheques, além de US$ 5,6 mil.
Seduzidos
Nos últimos dez anos, cerca de 200 policiais de várias corporações e guardas municipais eram presos por envolvimento com o contrabando e o descaminho no estado. Porta de entrada de boa parte das drogas, munições e de produtos contrabandeados, a fronteira com o Paraguai acaba se tornando um atrativo para policiais corruptos. "Infelizmente esse contato diário com o ilícito e as oportunidades que os criminosos oferecem seduzem alguns agentes", lamenta o superintendente.