A prefeitura de Curitiba e o Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) começam a investigar a partir de hoje o que levou o Hospital São Vicente a negar atendimento ao ex-prefeito de Curitiba Saul Raiz, 83 anos, baleado em seu carro após tentativa de assalto no sábado à tarde, na Rua Visconde de Nacar, região central da capital paranaense.
Raiz estava dentro de sua caminhonete, observando a fachada de um prédio que está construindo, quando começou a acelerar para ir embora e ouviu um grito de "pare". Ele decidiu seguir adiante. Foi quando o assaltante desferiu tiros contra o veículo do ex-prefeito. Dois tiros atingiram a escápula de Raiz e um, o braço dele.
Raiz continuou dirigindo até o Hospital São Vicente, na Vicente Machado, onde foi atendido pelo manobrista do estacionamento Gerson de Lima. Este colocou Raiz em uma cadeira de rodas e o levou para a entrada do hospital. Em reportagem exibida pela Revista RPC TV, Lima conta que os atendentes do hospital, ao verem Raiz, falaram que não tinham como atender aquela situação. "Nem colocaram a mão nele. Nenhum médico olhou", conta Lima.
Foi então que o manobrista colocou luvas cirúrgicas, levou Raiz baleado de volta para o veículo e, dirigindo o carro, conduziu o ex-prefeito até o Hospital Evangélico. Ali, o político recebeu atendimento. Ele está na UTI e sua saúde é estável. Está consciente e falando com a família.
O sobrinho de Raiz, Mário Fisbein, afirmou que a família não pretende fazer nada contra o hospital, apesar do atendimento negado. Mário disse que Raiz confirma que teria sido levado de cadeira de rodas até o interior do hospital.
A prefeitura, ontem, emitiu nota dizendo que abrirá sindicância para apurar o caso, pois é obrigação do hospital, pelo Código de Ética Médica, "garantir o primeiro atendimento e a estabilização do paciente, para posterior encaminhamento a um hospital com condições de suporte de atendimento. E que esse contato com os hospitais deveria ter sido feito pelo próprio São Vicente, que ficaria responsável pela remoção do paciente em ambulância própria".
O promotor do MP-PR Marco Antonio Teixeira afirmou que será aberta uma investigação para apurar a conduta do hospital. Mas que, de maneira geral, qualquer hospital é responsável por examinar o paciente que chega e encaminhá-lo a outro estabelecimento de forma segura, caso não tenha condições de atendimento.