Gases emitidos por veículos contêm substâncias que podem causar câncer nas pessoas| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

O ar que respiramos está repleto de substâncias cancerígenas e contribui com centenas de milhares de mortes por ano, segundo relatório divulgado ontem pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), subordinada à Organização Mundial da Saúde (OMS). O relatório afirma que 223 mil mortes por câncer de pulmão ocorridas em 2010 no mundo resultaram da poluição atmosférica, e que também há fortes indícios de que a contaminação do ar eleva o risco de câncer de bexiga.

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Já era sabido que a poluição atmosférica, decorrente principalmente das emissões de gases no transporte, geração energética, indústria e agricultura, eleva os riscos de diversas doenças cardiorrespiratórias. Algumas pesquisas sugerem que nos últimos anos a exposição à poluição cresceu significativamente em algumas partes do mundo, especialmente em países populosos e que passam por uma rápida industrialização, como a China.

"Agora sabemos que a poluição atmosférica externa é não só um grande risco à saúde em geral, mas também a principal causa ambiental das mortes por câncer", disse Kurt Straif, diretor da seção de monografias da AIPC, que tem a tarefa de classificar os agentes cancerígenos.

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Grupo 1

Em nota divulgada após uma semana de reuniões entre especialistas que revisaram a literatura científica mais recente, a AIPC disse que a poluição atmosférica ao ar livre e o material particulado – um importante componente da poluição – devem passar a ser classificados como agentes carcinogênicos do grupo 1. Essa classificação abrange mais de cem outros agentes cancerígenos conhecidos, como o amianto, o plutônio, a poeira de sílica, a radiação ultravioleta e o cigarro.

A classificação já abrangia também muitas substâncias habitualmente encontradas no ar poluído, como a fumaça dos motores a diesel, solventes, metais e poeiras. Mas esta é a primeira vez que os especialistas classificam o próprio ar poluído dos ambientes externos como uma causa do câncer.

Christopher Wild, diretor da agência, afirmou que a classificação da poluição atmosférica como um agente carcinogênico é um passo importante no sentido de alertar os governos sobre os perigos e os custos em potencial.