A diferenciação entre microcefalia leve, moderada ou grave é feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com base na medição do crânio do bebê em relação à idade gestacional. Caso esta relação sofra um desvio padrão igual ou menor que 2, o bebê pode ser diagnosticado com microcefalia leve– em uma gestação de 40 semanas, isso representa um crânio com tamanho 31,4 cm. Já quando o desvio padrão é igual ou menor a 3, a microcefalia pode ser considerada grave. Neste caso, o crânio teria uma medida de 29,9 cm.
O neuropediatra da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Carlos Takeuchi, afirma que apesar de bebês com cabeças menores normalmente apresentarem uma gama maior de problemas neurológicos, esta não é a regra. “Normalmente, um bebê com o crânio menor acaba tendo mais complicações, já que se parte do pressuposto de que uma criança com microcefalia apresenta um subdesenvolvimento”, explicou. De acordo com Takeuchi, o tratamento de crianças com microcefalia leve ou severa não muda. “Qualquer tipo de microcefalia é grave e compromete o sistema motor e neurológico da criança”, disse.
O neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, André Malheiros, afirma que existem dois tipos diferentes de microcefalia – a primária, que é adquirida de forma genética, e a secundária, que é por contaminação, como no caso do zika vírus. De acordo com Malheiros, não há relação direta entre as sequelas que a criança pode apresentar e o tamanho do crânio, já que a infecção pode atingir áreas distintas do cérebro. “Normalmente sim, um crânio saudável pressupõe um cérebro saudável, mas dependendo das áreas afetadas o bebê pode apresentar manifestações clínicas distintas”, comentou. “O quadro neurológico se assemelha ao da paralisia cerebral –algumas pessoas ficam com grandes sequelas, outras não. Isso depende da área do cérebro que foi afetada pela infecção”, explicou o neurologista.