A onda de ações criminosas contra o transporte coletivo, prédios ou veículos da polícia e agentes públicos de segurança se agravou entre a noite de segunda (29) e a manhã desta terça (30).
Os ataques, que estão espalhados por todo o Estado de Santa Catarina, já atingem dez cidades catarinenses e há o registro de ao menos uma morte, segundo balanço divulgado pela Polícia Militar nesta manhã. São 13 ônibus incendiados, ataques a cinco prédios da segurança pública do Estado e a dois veículos da PMs.
Os ataques foram registrados em Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Gaspar, Navegantes, Itapema, Criciúma, Chapecó e Tapera. Até as 8h30, a corporação havia registrado 22 atentados. A Grande Florianópolis continua sendo a região mais atingida.
Na capital catarinense, um ônibus foi incendiado no início da manhã no bairro Tapera, no sul da ilha. O ataque ocorreu às 7h, uma hora depois de o transporte coletivo votar a operar -as linhas entre 0h e 6h estão suspensas desde o fim de semana.
Segundo a Polícia Militar, dois criminosos entraram no coletivo no início do trajeto. Só o cobrador estava no veículo. Ele conseguiu escapar por uma janela, de acordo com a polícia.
No bairro Campeche, na mesma área da cidade, às 6h, uma base da Polícia Militar foi atingida por 14 disparos, segundo a corporação. Só havia um policial no local. Ele não se feriu.MORTEEm Criciúma, no sul do Estado, um agente prisional aposentado foi assassinado na frente de sua casa, no bairro Pinheirinho, às 22h40 de segunda-feira (29).
Luis Carlos Dalagnol trabalhou 37 anos no presídio da cidade e estava aposentado desde 2012, segundo a secretaria estadual de Justiça e Cidadania.
A Polícia Militar incluiu o caso na lista dos atentados, apesar de declarar que "até o momento não se sabe a autoria e a motivação do crime". O delegado Vitor Bianco, da DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Criciúma, disse que a hipótese de a morte ter relação com os atentados não está descartada.
O coronel Valdemir Cabral, comandante da Polícia Militar em Santa Catarina, decretou "estado de alerta" para colocar todo o efetivo de prontidão.
Por meio de nota da assessoria de imprensa, Cabral informou que a PM está "com uma operação especial", a respeito da qual não deu detalhes "para não prejudicar o serviço".
A Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) disse ter identificado "entre cinco e dez suspeitos" de determinar os ataques e que a prisão deles é "questão de tempo".
A Secretaria da Segurança Pública ainda não revelou as motivações dos ataques, mas admite que eles possam estar sendo orquestrados pelo PGC (Primeiro Grupo Catarinense).
Facções nas cadeias
O PGC é a maior facção criminosa do sistema prisional catarinense, segundo o Deap (Departamento de Administração Prisional).
O grupo foi apontado como responsável pelas ondas de violência de 2012 e 2013, quando a Polícia Militar registrou 182 ataques em 54 cidades, a maioria contra ônibus e instalações da segurança pública.
Em maio desde ano, a Justiça condenou 80 pessoas pelos atentados, a maioria ligada ao PGC. As maiores penas, de 19 anos de prisão, foram aplicadas aos líderes do grupo, que cumprem pena em penitenciárias fora do Estado.
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