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ONGs pressionam redes sociais para mudar termos de uso e citam “combate às fake news”

ONGs pressionam redes sociais para mudar termos de uso durante período eleitoral
Entidades enviaram carta às principais plataformas pedindo regras mais rígidas para combater “desinformação” (Foto: Freepik)

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Sob a justificativa de combater a desinformação durante as eleições de 2022, um grupo formado por 92 entidades, a maioria dedicada ao ativismo em temas como meio ambiente e direitos humanos, enviaram, em 7 de junho, uma carta às principais plataformas de redes sociais. No texto, as organizações pedem mudanças nas políticas de moderação de conteúdo e nos termos de uso das plataformas, a serem efetivadas durante o período eleitoral e até a posse dos candidatos eleitos. Ao menos nove que assinaram o documento receberam repasses financeiros da Fundação Open Society, comandada pelo bilionário George Soros.

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Nas propostas das entidades – dentre as quais estão Instituto Marielle Franco, Instituto Vladimir Herzog, Conectas Direitos Humanos e Observatório do Clima – é demandado maior rigor na moderação de publicações relacionadas a temas considerados de maior relevância para as ONGs, como integridade das urnas eletrônicas, grupos considerados marginalizados, Amazônia e questões climáticas. A carta também foi encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em fevereiro, o TSE formalizou parceria com oito redes sociais (Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai) com o objetivo de combater a desinformação sobre o processo eleitoral deste ano. Em maio, o Telegram somou-se à iniciativa. As medidas, que vigorarão até 31 de dezembro, tem como principal linha de atuação a remoção de conteúdos considerados danosos ao processo eleitoral. Mesmo assim, as ONGs avaliam que “as políticas implementadas até o momento pelas plataformas digitais são insuficientes para proteger a higidez e a integridade do processo eleitoral”.

Demandas das ONGs

O grupo sustenta que as eleições de 2022 no Brasil ocorrerão em um ambiente de debate público acirrado e polarizado, e que esse contexto aumenta o risco de que a desinformação afete negativamente o processo democrático. Ao todo, as ONGs apresentaram 38 propostas às plataformas.

No campo das minorias, as entidades pedem que as redes sociais criem regras específicas para coibir violência política direcionada a grupos que classifica como historicamente marginalizados. Além de mulheres, negros, indígenas, quilombolas e LGBTQIA+, os signatários acrescentam “defensores de direitos humanos” – ou seja, como se intitulam parte das próprias instituições que assinam a carta – dentro dos segmentos considerados vulneráveis. Elas também pedem que sejam feitas campanhas publicitárias nas plataformas para combater a violência política contra tais grupos.

Em um dos pontos que trata de diretrizes gerais sobre o processo eleitoral, o documento propõe que seja considerado o banimento da publicidade política nos dias seguintes aos dias de votação “em caso de crise institucional”.

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Na seara do meio ambiente, os signatários pontuam que a Amazônia e o desmatamento serão temas centrais nas eleições deste ano tanto na disputa à presidência da República e demais postos, e por isso pede medidas para evitar que as plataformas “sejam utilizadas por atores maliciosos como máquinas de amplificação de discursos de ódio e desinformação em períodos de crises políticas e sociais”. Com críticas ao governo federal, as entidades pedem a vedação de “discurso negacionista” sobre a Amazônia.

Apesar de alegar que as medidas restritivas têm como objetivo proteger a liberdade de expressão, os signatários reconhecem que há erros na moderação de conteúdo que podem comprometer tal direito. “Não são poucos os registros de erros na moderação de conteúdo e a elevação do rigor de aplicação dos critérios deve ser acompanhada por esforços de oferta de revisão e análise de apelação e direito ao contraditório”, cita o texto.

Algumas petições do conjunto de propostas:

  • Proibição de publicações que façam “ataque direto à integridade do sistema eleitoral”;
  • Restrição à monetização, ao impulsionamento e ao alcance de conteúdos que “semeiam desconfiança no sistema eleitoral”;
  • Proibição de manifestações infundadas de questionamento ao resultado eleitoral (ou incitação a tais manifestações) após a divulgação dos resultados finais pelo TSE;
  • Desmonetização de conteúdos “negacionistas” sobre crise climática e  desmatamento;
  • Criação de um conselho socioambiental dentro das plataformas com a inclusão de ONGs atuantes nessa temática;
  • Vedação ao impulsionamento de canais com “conteúdos negacionistas da crise climática”.

As organizações demandam ainda que as redes sociais tornem público quantos colabores têm dedicados à proteção da integridade eleitoral e divulguem quais os mecanismos externos de moderação, incluindo as parcerias com agências de checagem.

Recentemente, a Gazeta do Povo abordou os riscos da falta de isenção das agências de checagem brasileiras ao lidar com o tema da desinformação. Confira aqui.

Filantropos comprometidos com agendas de esquerda financiam parte das entidades

Entre as ONGs que assinam o documento, ao menos nove receberam repasses financeiros da Fundação Open Society, comandada pelo bilionário George Soros, responsável pelo repasse de bilhões de dólares em doações para ONGs e outras entidades de ativismo progressista e campanhas de políticos norte-americanos de esquerda. No Brasil, conforme mostrou reportagem da Gazeta do Povo, ele destinou o equivalente a cerca de R$ 117 milhões para mais de cem entidades entre os anos de 2016 e 2019; várias delas dedicadas ao ativismo político de esquerda.

Somente entre 2016 e 2019, o total destinado às entidades signatárias da carta foi de 4,9 milhões de dólares. Duas das organizações ocupam o topo do ranking de financiamento: a Associação Direitos Humanos em Rede (Conectas) recebeu US$ 2,3 milhões no período, enquanto a rede Nossas recebeu US$ 1,2 milhão.

A Conectas e a ONG Nossas, aliás, também recebem doações milionárias do Luminate Group, fundado pelo bilionário francês Pierre Omidyar. O filantropo é fundador do site de leilões eBay e financiador de projetos e instituições progressistas, entre elas o First Look Media, mantenedora do The Intercept. Outras ONGs que coassinam a carta sobre integridade eleitoral, como Instituto Update e Instituto Vladimir Herzog, também recebem aportes do Luminate Group.

Soros e Omidyar também já fizeram repasses de milhões de dólares a entidades que atuam com checagem de fatos com o objetivo de, em tese, “ampliar o combate à desinformação”. Em 2017, após uma rodada de investimentos de ambos para financiar agências de checagem, a jornalista dinamarquesa Iben Thranholm declarou: “Esses nomes têm uma agenda política muito forte. É como se houvesse muitas pessoas que pensam que é perigoso não ser capaz de controlar a mídia; então, separar o que supostamente seriam as notícias reais e as notícias falsas é, na verdade, uma forma de controlar a narrativa. Portanto, se você quiser se opor a esses poderes políticos, será censurado. É claramente uma espécie de censura”.

Posicionamento plataformas

A Gazeta do Povo contatou as principais empresas mantenedoras de redes sociais para comentarem o teor das propostas das ONGs. Tanto o YouTube quanto a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) informaram que não se posicionariam sobre o conteúdo das propostas. Google, TikTok e Telegram não retornaram ao contato da reportagem.

Já o Twitter enviou a seguinte nota:

“O Twitter reconhece os esforços da sociedade civil na construção das propostas e permanece aberto ao diálogo. Ao mesmo tempo, em linha com seu compromisso de proteger a integridade das conversas sobre eleições, a empresa vem implementando proativamente iniciativas e políticas que vão ao encontro das propostas apresentadas pela sociedade civil. O Twitter tem medidas que atendem a maior parte das prioridades listadas, como a  Política de Integridade Cívica, para garantir a integridade eleitoral; a proibição de propaganda eleitoral paga no serviço; e mecanismos para informar as pessoas que usam o Twitter sobre medidas tomadas em suas contas, permitindo que elas recorram das decisões da plataforma, caso desejem. 

Desde o início, o Twitter aderiu ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e vem implementando esforços para o combate à desinformação no processo eleitoral de 2022. Estamos continuamente trabalhando com parceiros, autoridades e sociedade civil para proteger a integridade das conversas”.

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