A cada três dias, um pedestre é atropelado por ônibus em Curitiba. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, 121 pessoas foram atropeladas por veículos do transporte coletivo no ano passado. O número foi o mais alto dos últimos cinco anos. No início de 2012, já foram dez vítimas. Pedestres e motoristas têm sua parcela de culpa nessa estatística.
O crescimento foi de 9% em relação a 2010, quando foram registrados 89 atropelamentos. Nos últimos cinco anos, a única vez que esse número ficou abaixo de cem vítimas foi em 2009, quando 92 ocorrências foram registradas. Entre 2007 e 2009, a tendência era de queda. Entretanto, essa tendência se inverteu, crescendo em 2010 e 2011.
Para o tenente do Batalhão Policial de Trânsito de Curitiba (BPTran) Ismael Veiga, a distração dos pedestres tem contribuído para o aumento das ocorrências. O uso de fones de ouvido e de smartphones tiram a atenção das vítimas na hora de cruzar ruas e avenidas mais movimentadas e, especialmente, as canaletas de ônibus. Além disso, muitas ocorrências poderiam ter sido evitadas se a vítima cruzasse a rua na faixa de pedestres.
Além disso, a imprudência de alguns motoristas também coloca em risco a vida de muitas pessoas. Ao dirigir acima dos limites de velocidade e tentar "aproveitar" sinais amarelos para cruzar as ruas, muitas vezes para cumprir o horário determinado pela Urbs e evitar uma punição, os ônibus causam acidentes fatais.
Prevenção
O diretor de transporte da Urbs, Antônio Carlos Pereira de Araújo, afirma que os motoristas são instruídos a ter o máximo de cuidado e dirigir defensivamente. "A orientação aos motoristas é que nada é prioritário à segurança no trânsito. Os ônibus têm horários pré-determinados, mas isso não se sobrepõe [à segurança]", afirma. Araújo frisa que o acompanhamento por GPS, que está sendo implantado atualmente na cidade, deve facilitar a fiscalização de eventuais irregularidades por parte dos motoristas.
Araújo afirma, também, que as empresas têm tomado medidas para evitar acidentes. Todos os motoristas passam por cursos de direção defensiva. Além disso, são oferecidos cursos de reciclagem e acompanhamento psicológico para motoristas que, eventualmente, causam algum acidente. "As empresas cumprem à risca essas determinações", afirma. Além disso as autuações estão entre os indicadores de qualidade exigidos no contrato das operadoras com a Urbs. Caso o número esteja acima da meta, parte do pagamento feito pela Urbs é descontado.
Já Veiga afirma que ações de fiscalização estão sendo feitas nas canaletas exclusivas, pontos onde mais ocorrem acidentes envolvendo ônibus em Curitiba. Ele frisa, também, que novos gradis estão sendo instalados nas canaletas, para evitar que pedestres cruzem as avenidas fora da faixa de pedestres como existem hoje, por exemplo, na Avenida Presidente Affonso Camargo, em frente à rodoviária. Entretanto, nem sempre isso adianta. "É muita imprudência. Muitas pessoas preferem até mesmo pular os gradis do que atravessar na faixa", comenta.