60% dos curitibanos precisam dos ônibus para chegar ao trabalho: dependência exagerada| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Alternativa

20% dos entrevistados usam bicicleta

O levantamento do Paraná Pesquisas também mostra que, de cada cinco curitibanos, um costuma andar de bicicleta regularmente. Do total de entrevistados que se encaixaram nesse grupo, 52% apelam para a magrela mais de duas vezes por semana.

A bicicleta, no entanto, ainda é pouco usada para o deslocamento até o trabalho. Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados afirmaram utilizar a bike para lazer e 21% para praticar atividade esportiva.

A baixa adesão dos ciclistas à bike como meio de transporte se deve, segundo o coordenador do Programa Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná, José Carlos Belotto, a fatores estruturais e culturais. Para ele, além de as ciclovias hoje existentes terem sido implantadas para ligar parques da cidade, muitos ciclistas ainda não se sentem seguros para dividir espaço nas ruas com os automóveis e ônibus.

A previsão do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) é concluir, até o fim deste semestre, o projeto de recuperação de 37 quilômetros de ciclovias, separados em seis ramais. Os trechos foram escolhidos levando em conta a ligação com o centro da capital e a ciclofaixa que está sendo criada na Avenida Marechal Floriano Peixoto.

CARREGANDO :)

Mesmo com as críticas de superlotação, atrasos e desconforto, os ônibus da capital são o principal meio de transporte para 60% dos trabalhadores curitibanos. Levantamento do instituto Paraná Pesquisas, feito com exclusividade para a Gazeta do Povo, mostra que o modal está muito à frente de alternativas como o automóvel e a bicicleta quando o assunto é ir até o local de trabalho.

A pesquisa comprova o que foi sentido na prática na última semana com a greve dos motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba: a alta dependência do transporte coletivo pelos curitibanos. Na terça-feira, 2,3 milhões de passageiros deixaram de ser atendidos e, sem os funcionários, empresas, lojas e estabelecimentos por toda a cidade não puderam abrir as portas.

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Para o professor da Univer­sidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ramiro Gonçalez, o que estimula o uso do ônibus em Curitiba não é a qualidade do sistema, mas a falta de opções de transporte – principalmente para os trabalhadores que têm de percorrer longas distâncias, como aqueles que vêm da região metropolitana.

"A greve dos ônibus – e todos os transtornos que vieram com ela –foi um gatilho para as pessoas repensarem a relação de mobilidade que têm com a cidade. Não estamos desenvolvendo alternativas simples, como o transporte solidário e sites colaborativos de caronas", defende o pesquisador.

No levantamento do Paraná Pesquisas, o automóvel surgiu como a principal opção para 25% dos 430 entrevistados. Já outras alternativas, como a bicicleta, o táxi e até o deslocamento a pé, foram citadas por apenas 7% dos trabalhadores.

Apesar de defenderem a prioridade do transporte coletivo sobre o individual, especialistas são contrários à prevalência do ônibus diante de outras opções de modais. Além da saturação, frente à falta de alternativas, o sistema fica na berlinda devido aos altos custos de manutenção e oscilações constantes no valor das tarifas, ligadas a reajustes salariais e variações dos insumos.

"Curitiba já chegou a tal porte que não podemos mais depender apenas dos ônibus. Hoje, uma grande falha da administração pública é a malha cicloviária inacabada. Se essa infraestrutura fosse mais bem desenvolvida, teríamos outro modal que poderia auxiliar o transporte de maneira geral", avalia o urbanista e mestre em Gestão Urbana Rafael Sindelar Barczak.

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A ampliação do espaço para os ciclistas, inclusive, é apoiada pela grande maioria da população. Do total de entrevistados pelo Paraná Pesquisas, 96% afirmaram ser favoráveis à criação de faixas exclusivas para bicicletas.

Compras

Por outro lado, o levantamento mostra que os papéis se invertem quando o curitibano sai para fazer compras. Nesse caso, 54% relataram preferir o automóvel. Em segundo lugar aparece o ônibus, que foi citado por 25% dos entrevistados, seguido do deslocamento a pé. Mais uma vez, a bicicleta foi um meio de transporte pouco citado.