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Entre os usuários de ônibus, 42% gastam mais de 45 minutos em cada viagem até em casa. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Entre os usuários de ônibus, 42% gastam mais de 45 minutos em cada viagem até em casa.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Os moradores de Curitiba colocam a falta de conforto no transporte público da cidade como um problema maior do que o preço cobrado na catraca. Essa é a conclusão de uma pesquisa de satisfação feita pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa a pedido da Gazeta do Povo.

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“Índice de lotação está atendido na média”, diz Urbs

Apesar de apontar possíveis limitações na pesquisa da Brain, o presidente da Urbs, Roberto Gregório, disse que os dados podem ser vistos com otimismo.

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Contra superlotação, prefeito cita faixas exclusivas e referência indireta ao metrô

Para o prefeito Gustavo Fruet, a superlotação apontada pelos entrevistados é reflexo de um conjunto de fatores.

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Falta de gentileza

A tarifa do ônibus em Curitiba subiu 73,6% desde 2008, mas isso não é apontado por usuários como o principal fator para a queda na quantidade de passageiros do sistema. A vendedora Stephani de Sena, por exemplo, no sexto mês de gestação, trocou o ônibus pelo carro. “Pago R$ 220 de estacionamento. Mas não tinha como continuar no ônibus. Eles veem lotados e as pessoas não cedem o lugar preferencial. Quando você pede, olham com cara feia”, reclamou. A falta de educação de passageiros e motoristas foi apontada por 4% dos usuários como o principal problema do sistema.

De acordo com o levantamento, 51% apontam a superlotação como principal gargalo do sistema – porcentagem três vezes superior à obtida pelo item ‘preço da passagem’.

A Brain aplicou 419 questionários entre 7 e 27 de abril. Em 226 desses, os entrevistados se declararam usuários do transporte coletivo. Levando em consideração apenas esses passageiros, o porcentual dos que reclamam da superlotação sobe para 57%. Foram ouvidos apenas moradores de Curitiba – mas a percepção também engloba o transporte metropolitano.

Usuária do transporte coletivo no horário de pico, Irileia Pires dos Santos, 27, traduz esses números. Ela diz esperar até três ligeirões para sair do Centro com destino ao Boqueirão. “Sai um atrás do outro, mas mesmo assim não dá conta da fila”, reclama. A vendedora trabalha no Centro da capital e mora em São José dos Pinhais, mas utiliza apenas a linha urbana de Curitiba. No Boqueirão, o marido a busca de carro.

A percepção sobre a superlotação contrasta com a atratividade do ônibus no Brasil. A quantidade de passageiros transportados nos sistemas brasileiros caiu mais de 30% da década de 1990 para cá, segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Em Curitiba não é diferente. De 2010 até 2013, em média, o transporte público urbano deixou de transportar um milhão de passageiros por mês.

Uma das explicações para essa superlotação é o aumento dos congestionamentos, que causa comboios, atrasam a operação e superlotam os veículos. A solução, segundo especialistas, é priorizar o transporte público, implantando mais faixas exclusivas e aumentando a quantidade de vias com sincronização entre semáforos e ônibus para evitar paradas desnecessárias.

SEMÁFORO

“A prefeitura dizia que os semáforos seriam inteligentes. Mas o tempo da viagem vem aumentando. Imagina no futuro, se não fizerem nada?”, Cristiane Ramos dos Santos, 39, manicure. Utiliza o Ligeirão Boqueirão/ Carlos Gomes. À época do lançamento do projeto, a promessa era de que o trajeto seria concluído em até 20 minutos.

Ao todo, 10% dos entrevistados que se declararam usuários do transporte apontaram o atraso nas linhas como principal problema do setor. Andresa Caroline dos Santos, 23, mora no Capão Raso e utiliza a linha Vila Cubas para vir diariamente ao Centro de Curitiba. Na volta para casa, diz gastar até 1h30 em um trajeto que fora do pico é feito em meia-hora. A linha passa por ruas sem priorização ao transporte público, como a Avenida Presidente Kennedy. “É claro que tem a filas para embarcar. Mas, se tivéssemos faixas exclusivas ali, com certeza seria melhor.”

A pesquisa também mostrou que o tempo médio de viagem é maior entre aqueles que se declaram usuários do transporte coletivo e que a adesão ao ônibus cai conforme aumenta a renda familiar do entrevistado (veja detalhes no gráfico).

Operadoras

Em nota assinada por Maurício Gulin, empresas apontam três nós que precisariam ser resolvidos para se ter mais qualidade no sistema:

“O tempo de deslocamento para quem utiliza o transporte público precisa diminuir. Nesse sentido, a implantação de faixas exclusivas é um importante instrumento (...) também é essencial a construção de mais corredores exclusivos e a adoção de semáforos inteligentes (...).”

“Para resolver o problema da superlotação uma das propostas do Setransp é incentivar a flexibilização dos horários da indústria e do comércio. Outro projeto é criar tarifa diferenciada para quem usa o transporte público fora de horários conhecidamente mais tumultuados.”

“O levantamento mostra que, ao ganhar mais, as pessoas migram do transporte público para o privado. Com um sistema mais confortável e eficiente, mais pessoas devem optar pelo ônibus. Por isso, é essencial diminuir a lotação, cumprir trajetos no horário e criar atrativos para o passageiro, como aplicativos que indiquem a localização e horários dos ônibus.”

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