Um ônibus que fazia o fretamento de estudantes universitários tombou por volta das 23h desta quarta-feira (8) na altura do km 84 da rodovia Mogi-Bertioga, entre as cidades paulistas de Biritiba-Mirim (região metropolitana) e Bertioga (litoral), e deixou ao menos 18 mortos e 17 feridos. Havia 35 pessoas no veículo. Morreram 17 estudantes e o motorista, Antonio Carlos da Silva, 37 anos.
Os estudantes são de São Sebastião, cidade do litoral norte de São Paulo, e fazem todos os dias esse trajeto, entre o município e Mogi das Cruzes, cidade da Grande São Paulo com duas universidades. O ônibus era fretado pela Prefeitura de São Sebastião, que decretou luto de três dias -as aulas nas escolas foram suspensas.
Do total de vítimas, 15 morreram no local, entre elas o motorista. A 16ª vítima foi levada ao pronto-socorro de Bertioga, onde morreu. Os feridos foram levados para hospitais da região, alguns em estado grave.
Duas pessoas morreram no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, na manhã desta quinta. O hospital disse ainda que quatro vítimas permanecem no local, sendo uma em estado grave.
Outras três vítimas foram encaminhadas para o Hospital de Clínicas de São Sebastião. Um delas foi transferido para o Hospital de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) com traumatismo craniano e em estado grave. No Pronto Atendimento de Boiçucanga foram atendidas seis vítimas, sendo uma em estado grave. Foram feitos ainda três atendimentos de familiares dos estudantes que se encontram em estado de choque.
Em sua conta oficial no Twitter, o presidente interino Michel Temer (PMDB) disse estar chocado com o acidente e que chamará órgãos de fiscalização para evitar que se repitam tragédias como essa.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que os feridos em estado mais grave serão transferidos para São Paulo e que “agora é trabalhar para salvar as vidas, os casos mais graves nesse momento de dor tão profunda das famílias”.
‘Foi o que me salvou’
“Eu tinha uma prova hoje, e ontem decidi não ir para a faculdade. Foi o que me salvou. Pegava aquele ônibus todos os dias. Estou anestesiada, sentindo eu vazio. Eu poderia estar lá, tenho amigos que estavam no ônibus”, diz Lorena Pickler, 31, estudante do 5º ano de psicologia na UMC (Universidade de Mogi das Cruzes) e moradora de Juquehy.
Agora, ela está buscando notícias dos mortos e feridos por grupos de WhatsApp. O ônibus, segundo Lorena, pegava estudantes em Boraceia, e principalmente Sahy, Juquehy e Barra da Una.
Um dos mortos é Aldo da Silva Carvalho, 26, estudante do 2º ano de engenharia. Deixa dois filhos e mulher. “Estamos todos abalados, é uma tragédia horrível”, disse o caseiro Marcelo Augusto, 49, tio de Aldo, que foi até a farmácia para comprar calmante para a família, que mora em Barra do Sahy. O corpo de Aldo deve ser levado para o Piauí, onde ele nasceu.
“É uma tragédia absurda, a gente não consegue prever”, diz Lauro Tavares, 55, tio de outra das vítimas, a estudante de psicologia Ana Carolina Cruz, 23.
O estudante de administração Luan Silva, 21, que mora em Mogi das Cruzes, disse que, ao saber do acidente, correu para o local. “Tinha uns sete amigos neste ônibus, estou esperando a lista das vítimas”, disse à reportagem, ainda na madrugada.
Após as aulas de quarta, no retorno a São Sebastião, o ônibus tombou na rodovia e foi se arrastando até cair em uma vala ao lado da pista. O veículo antes bateu em uma imensa pedra ao lado do acostamento e ficou destruído. Pedaços do ônibus e objetos dos estudantes ficaram espalhados pela pista.
“É uma praça de guerra, ainda não dá para falar o que provocou o acidente”, disse Fábio Pierri, delegado-assistente de Bertioga, que assumiu o comando das investigações.
Ônibus
O veículo, que pertence à empresa União do Litoral, é um dos seis que a Prefeitura de São Sebastião disponibiliza diariamente para levar e trazer moradores da cidade que estudam em universidades de Mogi das Cruzes. A cidade recebe estudantes de vários locais devido às duas universidades e duas faculdades.
O ônibus envolvido no acidente transportava estudantes que moravam entre os bairros Barra do Sahy e Boraceia, segundo a prefeitura. Até as 7h desta quinta, os corpos das vítimas ainda não tinham sido identificados nem os nomes divulgados pela prefeitura.
Ao menos 17 equipes do Corpo de Bombeiros e 57 homens trabalharam durante toda a madrugada no socorro a feridos, retirada dos corpos e destombamento do ônibus.
Durante o trabalho dos Bombeiros, o tráfego foi bloqueado nos dois sentidos no trecho do acidente. A rodovia foi liberada por volta das 7h desta quinta.
Outro acidente
A reportagem constatou que não havia nenhum bloqueio antes da curva próxima ao local do acidente para alertar os motoristas que seguiam pela rodovia no sentido litoral. Por volta das 3h30, um caminhão desgovernado bateu em carros de resgate na Mogi-Bertioga. O motorista do caminhão afirmou ter perdido o freio. Ninguém ficou ferido.
“Tanto é perigoso lá [local do acidente com o ônibus] que, enquanto atendíamos a ocorrência, aconteceu outro acidente, um caminhão perdeu o freio. Praticamente achatou uma viatura dos bombeiros, mas por sorte não havia nenhum soldado lá”, disse Pierri, em entrevista à rádio CBN.
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