Passageiros de algumas linhas de ônibus de Curitiba devem estar loucos para que as aulas recomecem. Não que estejam com saudade da algazarra dos estudantes, mas do reforço nas linhas que eles proporcionam. É que nessa época de férias, segundo a Urbs, há uma redução de cerca de 15% na demanda pelo transporte coletivo, que se traduz numa "alteração de oferta" de 5%.
A linha Marechal Hermes/Santa Efigênia, por exemplo, que tem um intervalo médio de 18 minutos entre um ônibus e outro nos horários de pico dos dias úteis, teve o tempo de espera elevado para 27 minutos. Fora desses horários, o usuário que aguardava 20 minutos agora precisa ficar pelo menos meia hora no ponto.
"Essa é a linha com a maior intervalo, porque percorre a região do Centro Cívico e grande parte do pessoal que trabalha lá costuma tirar férias no início do ano", explica o gerente de operação do transporte coletivo da Urbs, Luiz Filla. "Mas são casos isolados que atingem 10% do sistema, na grande maioria das linhas as variações de intervalo não chegam a 5 minutos."
Ele cita alguns exemplos: "O alimentador Santa Bárbara, que serve a região do Centro Politécnico (no Jardim das Américas), teve o tempo de espera alterado de 15 para 20 minutos nos horários de pico; o Petrópolis, que também passa pelo Politécnico, de 10 para 12; o Solitude, de 12 para 15, e assim por diante".
Na outra ponta estão os ônibus que servem as universidades e que praticamente deixam de funcionar nesse período. "Linhas como Tuiuti, Unicenp e Fazendinha/PUC, que durante o ano recebem um carro a cada cinco minutos, têm a demanda tão reduzida que nem faz sentido que elas operem normalmente nas férias. Por isso deixamos um a cada 20 minutos ou meia hora", conta Filla.
Já nas linhas mais procuradas, a variação é mínima de acordo com a Urbs. "No expresso Pinheirinho, por exemplo, não há redução de veículos. Apenas suspendemos as duas viagens de reforço que costumamos implantar às 23 horas, em função da saída das aulas noturnas", relata o gerente de operação.
Mesmo assim, quem depende do transporte coletivo reclama: "Antes a gente esperava de 5 a 10 minutos, agora espera de 15 a 20", diz a auxiliar de cartório Patrícia Zacachuca, 30 anos. "E à tarde, no Inter 2 não dá nem para entrar." A dona de casa Lurdes Herrera, 50 anos, arremata: "A Urbs se preocupa com os estudantes, não com os trabalhadores".
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