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Rio de Janeiro – No início da madrugada de ontem, os 28 passageiros do ônibus da Itapemirim que seguia do Espírito Santo para São Paulo haviam percorrido 300 quilômetros até o Rio. Muitos dormiam quando o ônibus foi interceptado bruscamente por cerca de 30 homens com fuzis e pistolas, no trevo das Missões, que liga a Avenida Brasil à Rodovia Washington Luís.

Um dos criminosos entrou, roubou passageiros, jogou gasolina no corredor e depois ateou fogo com as pessoas dentro do ônibus e com a passagem obstruída pelo agressor.

A carroceria se incendiou rapidamente e houve pânico. Alguns passageiros conseguiram sair pela porta e outros quebraram os vidros das janelas para escapar. Sete deles não conseguiram puxar a alavanca da janela de emergência e morreram carbonizados. Relatos de passageiros indicam que a maioria dos mortos era idosos, sem forças para pular a janela.

Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas – três em estado grave. Não puderam ser socorridos de imediato pelos bombeiros porque, logo após o ataque, começou um tiroteio entre os traficantes e PMs, que se deslocaram para o local.

Em meio ao tiroteio, os sobreviventes correram para uma das pistas da Avenida Brasil em busca de socorro. Só depois de duas horas é que começaram a ser atendidos.

Os corpos ficaram irreconhecíveis e só poderão ser identificados por exame de DNA. A Itapemirim divulgou uma lista com as pessoas que estavam no ônibus, mas ainda não podia informar o nome dos mortos. Todos os passageiros embarcaram na cidade de Cachoeiro.

"Devia haver uns 20 homens armados. Me salvei porque eu pulei a janela. Quem não conseguiu pular, morreu", disse uma das sobreviventes, a auditora Cleite Couto Calheira, 30 anos, que sofreu apenas cortes nos pés e voltava de uma viagem à cidade de Presidente Kennedy (ES), onde visitou os pais.

Outro passageiro, Juliano Risse Silva, 19 anos, conta que todos ficaram desesperados. "Eu pensei em ajudar as pessoas, mas não deu tempo."

Entre os feridos, os casos mais graves são os de Maria da Penha Sales Morais, 47 anos, que sofreu queimaduras de 2.º grau nas costas e nos braços; Fernanda Daibert Furtado, 20 anos, que teve queimaduras de 3.º grau; e da modelo Maria Beatriz Furtado de Araújo, 30 anos, que ficou com 45% do corpo queimado.

Após o confronto com policiais, os traficantes seguiram em direção ao conjunto habitacional Cidade Alta, que fica próximo ao local onde os ônibus foram incendiados.

Três suspeitos que passavam na hora e tinham queimaduras pelo corpo e fuligem nas mãos foram detidos por PMs. Eles negaram a participação, mas, segundo a Polícia Civil, teriam roubado combustível e dinheiro de um posto de gasolina próximo antes do ataque.

À tarde, policiais civis fizeram uma operação na Cidade Alta e apreenderam quatro granadas antitanques e cerca de 200 munições. Houve troca de tiros, mas ninguém foi preso.

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