Ônibus: tarifa pode subir, mas não pelo reajuste dos salários.| Foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo

Carro bate em ônibus no Centro

Um acidente envolvendo um ônibus biarticulado da linha Santa Cândida/Capão Raso e um automóvel, no cruzamento das Ruas Presidente Faria e Alfredo Bufren, atrás da Praça Santos Andrade, deixou o trânsito lento ontem à tarde em Curitiba. Segundo agentes da Diretoria de Trânsito (Diretran), o automóvel tentou fazer uma conversão à direita para entrar na Alfredo Bufren. O ônibus atingiu a lateral do carro, que ficou destruída com o impacto. O acidente aconteceu por volta das 14h15. "Eu segurei o que pude, para minimizar a batida e evitar que os passageiros se ferissem", disse o motorista do ônibus, Silvino de Souza. O biarticulado estava lotado, com mais de 100 passageiros. Ninguém ficou ferido. A motorista do veículo não quis comentar o acidente. Duas crianças, de 4 e 10 anos, que também estavam no automóvel foram encaminhadas com ferimentos leves ao Hospital Evangélico.

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Três dias após o acidente entre um biarticulado e um ligeirinho, que deixou pelo menos 40 feridos na tarde de sábado, em Curitiba, a re­­portagem da Gazeta do Povo flagrou ontem ônibus furando o sinal vermelho na capital. Os motoristas desrespeitaram o sinal vermelho nos cruzamentos da Avenida 7 de Setembro com a Rua Brigadeiro Franco, no Centro, e da Avenida João Gualberto com a Rua De­­putado Mário de Barros, no bairro Juvevê.

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O desrespeito ao sinal é a principal hipótese levantada por especialistas para o acidente de sábado, ocorrido no cruzamento da Travessa da Lapa com a rua André de Barros, que deixou pelo menos 40 feridos. Os motoristas envolvidos negam que tenham furado o sinal. O laudo definitivo sobre as causas da colisão só deverá ficar pronto dentro de dois meses.

O especialista em tráfego Orlando Pinto Ribeiro, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Posi­­tivo, diz que muitas vezes o desrespeito ocorre porque os condutores não costumam parar no semáforo, mas continuam trafegando em baixa velocidade à espera do sinal verde. "Muitas vezes eles conseguem visualizar que o sinal vai abrir e retomam velocidade. Uma prática inadequada que de­­veria ser coibida", diz. Para Ribeiro, os condutores podem calcular errado e causar acidentes. Uma das causas para isso, segundo o professor, é a pressão em cima dos motoristas para que eles cumpram os horários.

Orientação

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba, Anderson Teixeira, diz que praticamente todas as empresas do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana orientam os motoristas a não parar o veículo no sinal vermelho, mas tomarem uma distância, se movimentarem lentamente e aguardarem a abertura do semáforo. O objetivo seria reduzir os custos com o óleo diesel.

Para o presidente do sindicato, a medida tem um efeito benéfico, ao diminuir a emissão de gás poluente. Por outro lado, segundo Teixeira, essa orientação acumulada a responsabilidades como cumprimento de horário causa estresse aos motoristas.

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As empresas negam a afirmação do sindicato. A assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana diz que oferta cursos de boas práticas, de economicidade e direção defensiva e que não há essa orientação.

A empresa Leblon, responsável pelo ligeirinho que se envolveu no acidente de sábado, também nega a prática. "Acho um absurdo isso", diz André Willy Isaak, gerente de recursos humanos. A reportagem tentou entrar em contato com a empresa Glória, responsável pelo biarticulado envolvido no acidente, mas não teve retorno. A assessoria da Urbs, empresa que gerencia o transporte na capital, disse que a prática de não parar o veículo não seria tolerada pela empresa.

Para o professor do Depart­­amento de Transportes da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR) Garrone Reck, um agravante no acidente de sábado é que não há visibilidade no local da colisão, a esquina da Rua André de Barros com a travessa da Lapa. Para ele, os ligeirinhos deveriam trafegar em vias diferenciadas e os corredores dos biarticulados também podem ser repensados. Reck condena a prática de o motorista se adiantar ao semáforo. "Tem que parar. Não dá para ficar apostando que vai abrir o sinal", afirma.