A Organização das Nações Unidas (ONU) elogiou nesta terça-feira (23) a condenação de 23 policiais que participaram em 1992 no massacre de presos no Carandiru, em São Paulo. Mas afirma estar "preocupada" com a possibilidade de que os responsáveis sejam absolvidos. Outro alerta: prisioneiros no Brasil continuam vivendo uma situação "terrível" e o governo brasileiro precisa dar uma solução para os 500 mil detentos no País que vivem em condições de violações de seus direitos humanos por conta da situação das prisões.

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Em uma rara declaração sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, o Escritório da Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, deixou claro que vinha acompanhando o caso. "Depois de mais de duas décadas de impunidade em um dos incidentes de violência mais brutais em uma prisão, elogiamos as autoridades brasileiras por fazer justiça a algumas das vítimas do Carandiru e seguiremos de perto a continuação dos julgamentos dos outros acusados", disse em Genebra a porta-voz do organismo, Cécile Pouilly. A porta-voz insistiu que, até a semana passada, apenas uma pessoa havia sido condenada, em 2001, mas que acabou absolvido em 2006. O acusado era o coronel Ubiratan Guimarães.

Durante a coletiva de imprensa, a porta-voz foi questionada sobre a possibilidade de uma nova decisão que acabe absolvendo os policiais. Cecile admitiu que a condenação pode ficar sem efeito, diante de uma eventual apelação por parte dos envolvidos. "Isso certamente nos preocupa, e por isso ressaltamos que acompanharemos os próximos julgamentos e seus resultados", declarou.

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A ONU alertou também sobre o fato de que a Justiça no Brasil demorou mais de 20 anos para avaliar os crimes e tomar uma decisão. Mas, ainda assim, considerou que a decisão foi positiva. "Estamos satisfeitos de ver que, finalmente, não há mais impunidade para esses crimes", disse. "Vemos situações muito difíceis no mundo e que, infelizmente, em algumas ocasiões a justiça leva tempo, mas achamos que (o caso do Brasil) é um fato positivo", enfatizou.

Prisões - Apesar dos elogios, a ONU fez questão de ressaltar que a situação das prisões brasileiras é ainda alvo de questionamento internacional por conta das violações de direitos humanos que são registradas. "Pedimos que o Brasil resolva, com caráter de urgência, a terrível situação nas prisões de cerca de meio milhão de pessoas detidas", alerta Cecile.