Ponta Grossa – Uma operação realizada pela Polícia Militar, Ministério Público e Instituto Ambiental do Paraná (IAP), de Guarapuava, apreendeu 20 m3 de toras e lenhas nativas que estavam sendo transportadas em três caminhões, na Fazenda Matão, na Serra da Boa Esperança. Os caminhões foram flagrados na noite de quinta-feira, quando a equipe planejava no local operações para coibir o desmatamento ilegal na região. O IAP ainda não finalizou o trabalho de contagem da área atingida, mas acredita que a retirada de madeira possa ser bem maior que os 20 m3 apreendidos.

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Os motoristas foram encaminhados para a delegacia a fim de prestarem informações sobre o destino da madeira. Com isso, o IAP, a polícia e o MP pretendem chegar ao verdadeiro dono da carga. Os motoristas foram multados em R$ 5 mil pelo transporte irregular de madeiras e lenha. Depois de fazer as medições da área atingida, o IAP calculará a multa a ser aplicada aos detentores das terras.

De acordo com o chefe do IAP de Guarapuava, Jairo Macedo, a legislação ambiental estabelece multa de R$ 300 por hectare devastado. O valor sobe para R$ 2 mil se a área for de preservação permanente e para R$ 5 mil se for uma reserva legal. A Fazenda Matão tem 14 mil hectares e em alguns pontos são áreas legalmente protegidas.

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Muitas das araucárias cortadas eram novas, com idades de 10 a 20 anos. Segundo o promotor de Meio Ambiente, Mauro Dobrovolsk, algumas árvores não alcançavam nem dez centímetros de diâmetro. "É chocante o que fizeram, ainda mais com a araucária em extinção. Cortaram o pinheiro para fazer vara para construção", disse. Segundo ele, as fiscalizações na área da Fazenda Matão vão continuar e as pessoas que forem pegas serão autuadas e presas.

A fazenda fica na Serra da Boa Esperança (próximo a Guarapuava), onde está o Rio das Pedras, manancial que abastece a população de Guarapuava. De acordo com Macedo, a área é muito frágil e por isso mesmo é protegida pelas leis ambientais. "São milhares de hectares de ambientes florestais, com uma fragilidade ambiental séria em termos de restrições das terras", afirma. Entretanto, o principal problema da área é a falta de legalidade da posse, o que atrai a atenção para as atividades ilegais. A fazenda pertenceu a Elias J. Macedo e hoje faz parte do seu espólio. Partes das terras foram tomadas há 20 anos por posseiros.

De outubro de 2004 a janeiro deste ano, grupos de posseiros e sem-terra disputavam uma área de 83 hectares da fazenda. A polícia acredita que os grupos aproveitaram a área para a retirada ilegal de madeira. Na reintegração de posse, cumprida em janeiro, foram apreendidas motosserras e armas.

Na ocasião, os sem-terra afirmaram pertencer ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), mas a coordenação do movimento negou e afirmou que eles se passavam pelo MST para cometer os crimes ambientais.