Operação Canaleta "flagra" viaturas nas vias exclusivas de ônibus

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A Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) realizaram, nesta quarta-feira (9), a Operação Canaleta, que visa coibir o uso indevido dessas vias.

Após duas horas de fiscalização em duas importantes vias de Curitiba, agentes da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) abordaram 26 viaturas e duas ambulâncias trafegando pelas vias, que a priori são exclusivas para ônibus e deveriam ser usadas por veículos oficiais apenas em casos de emergência.

Na Avenida Marechal Floriano Peixoto, foram abordadas duas viaturas da Guarda Municipal, 10 da Polícia Civil, 8 da Polícia Militar e duas ambulâncias. Na Avenida República da Argentina, foram 6 viaturas da Polícia Civil.

Na maioria dos casos, os policiais circulavam com o giroflex ligado - afixado sobre o teto do veículo ou na frente. O equipamento daria a eles a prerrogativa de circular na canaleta, já que indica o caráter de emergência.

Os agentes de trânsito e policiais do BPTran, porém, anotaram placas e setores de todos as viaturas abordadas. "Vamos repassar esses dados aos órgãos responsáveis pelos veículos. Caso a emergência não seja caracterizada, o policial poderá ser advertido", disse Marcelo Araújo, secretário municipal de Trânsito.

Ciclistas e skatistas

Além dos carros oficiais, os ciclistas e skatistas também foram focos da ação. Na Avenida República Argentina, foram abordados 45 ciclistas e quatro skatistas. Já na Avenida Marechal Floriano Peixoto, não havia balanço dessas abordagens.

Apesar das abordagens, não muito do longe do ponto da operação na Avenida Marechal Floriano Peixoto, diversos ciclistas pedalavam sobre a canaleta da via. Em menos de 10 minutos de observação, foi possível contar quatro deles no local.

O ciclista José Carlos Bolotto, coordenador do programa Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), não pedalava sobre a canaleta, mas disse ser contra a restrição de ciclistas na via. "Na pista lateral, o risco é muito maior em meio aos carros que andam espremidos em duas faixas. Não concordo com a restrição porque a cidade ainda não tem políticas públicas adequadas para o ciclista".

O efetivo empregado na operação, nos dois pontos de fiscalização, foi de oito policiais militares, seis agentes de trânsito, dois educadores e dois fiscais de transporte coletivo. Tanto Setran quando BPTran informaram que novas operações em canaletas devem ser realizadas em outros pontos da cidade, ainda em datas não definidas.

A operação desta quarta-feira foi realizada após o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus (Sindimoc), Anderson Teixeira, solicitar a proibição da circulação de skates, bicicletas e viaturas policiais nas canaletas, alegando haver riscos de acidentes. O pedido foi feito no último dia 16 de abril, durante uma reunião do Conselho Municipal de Transporte de Curitiba.

Atropelamentos

Segundo dados do BPTran, foram registrados oito atropelamentos nas canaletas de Curitiba entre janeiro e abril deste ano. No mesmo período de 2011, houve dois acidentes a mais - queda de 20%. Os demais acidentes nessas vias caíram 7% (29 contra 27), diz a PM.

Especialistas em trânsito apontam que a presença de carros menores nas canaletas aumenta o risco para os pedestres que atravessam essas vias, já que eles esperam ter no campo visual um veículo maior.

Exemplo disso ocorreu no início de abril, quando Simone Elias da Silva, de 28 anos, foi atropelada por um carro descaracterizado da Polícia Militar na canaleta da Avenida Marechal Floriano Peixoto. Um inquérito na Delegacia de Trânsito apura as causas do acidente.