A previsão do Planalto sobre a tramitação da CPMF no Senado, onde a maioria do governo não é folgada como a da Câmara, melhorou muito diante da perspectiva de que o Supremo, logo após receber as denúncias do mensalão, aprecie a decisão do Tribunal Superior Eleitoral segundo a qual os mandatos não pertencem a seus titulares, e sim aos partidos. Líderes da base acreditam ter obtido de ministros do STF a sinalização de que a Corte se manifestará majoritariamente pela derrubada da decisão do TSE, deixando tudo como está e liberando as trocas partidárias. Com isso, de três a cinco senadores abandonariam o DEM rumo a siglas governistas a tempo de facilitar a prorrogação do imposto do cheque.
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Na fila 1 Um dos fatores que favoreceram Carlos Alberto Direito na disputa pela vaga de Sepúlveda Pertence foi a pressão do STJ sobre o Planalto, que não quer se indispor com o tribunal. Na era Lula, aposentaram-se três ministros do Supremo egressos do STJ, e, até agora, nenhum saiu dali rumo ao STF.
Na fila 2 Cesar Asfor Rocha, outro candidato dos quadros do STJ, perdeu apoios ao longo do caminho (ACM era um de seus defensores). E Luiz Fucs, o terceiro, foi vetado por Nelson Jobim pela proximidade com seu adversário maior no Supremo, Marco Aurélio Mello.
Nunca antes No meio jurídico, ninguém se recorda de outra substituição no Supremo em que ministros atuassem tão à luz do dia para influir na escolha do novo colega, como fizeram agora Eros Grau e Gilmar Mendes em parceria com Jobim.
Com alça Maria Christina Mendes Caldeira anunciava ontem no STF o título da peça de teatro que pretende montar: "A mala da minha ex-mulher". Ela explica: "É que o Valdemar vivia de olho numa Louis Vuitton minha". O tribunal acolheu a denúncia contra o deputado do PR.
Farol baixo Os advogados de defesa eram só preocupação ontem. Não esperavam tanta "veemência" e um placar tão dilatado a favor do recebimento da denúncia de corrupção ativa contra o núcleo político do mensalão.
Meia-volta O andar do julgamento no Supremo trouxe revés imediato para pelo menos um petista: João Paulo Cunha engavetou definitivamente o projeto de disputar a presidência do partido em São Paulo, e agora se empenha para eleger o aliado Geraldo Cruz, prefeito de Embu.
Alhures Eduardo Ferrão, o advogado de Renan Calheiros (PMDB-AL), não foi a nenhuma sessão do julgamento do mensalão, em que defende o ex-presidente do PP e ex-deputado Pedro Corrêa.
Não colou Renan não convenceu Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) de que tomou um empréstimo da empresa Costa Dourada. Os senadores devem dedicar parte de seu relatório à desconstrução dessa versão, tornada pública apenas depois de a Polícia Federal mostrar que as contas apresentadas pelo peemedebista não fechavam.
Termômetro A cúpula do PMDB, Michel Temer incluído, avalia que Renan tem hoje os votos necessários para escapar da cassação no plenário.
Volver Líder do "bloquinho", Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) pediu a integrantes do grupo que retirem assinaturas da CPI da TVA na Câmara, protocolada por aliados do presidente do Senado.
Veja bem Dirigente da CGTB, Ubiraci Dantas diz ter defendido a redução do período de concessão para a TV Globo, atualmente de 15 anos, mas nega ter proposto que as renovações passem a ser anuais, ao contrário do que relataram outros sindicalistas presentes à reunião realizada no dia 16 passado na Câmara.
TIROTEIO
* Do líder da bancada do PT na Câmara, Luiz Sérgio, sobre a entrevista em que o presidente diz que não disputará um terceiro mandato em 2010 "nem se o povo pedir".
O precedente de mudar a regra do jogo para ficar mais tempo no poder é da atual oposição. Tomara que agora PSDB e DEM parem de ver fantasmas no fato de Lula ser popular.