Dos R$ 7,3 milhões desviados da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio de um esquema de pagamento de bolsas de pesquisa a pessoas sem nenhum trabalho na instituição, apenas R$ 200 mil foram localizados em contas bancárias relacionadas aos 29 presos pela Operação Research na quarta-feira (15). O Banco Central informou à Polícia Federal o bloqueio dos valores depositados. O montante representa menos de 3% do que teria sido pago para supostos bolsistas.
Na conta de Conceição Abadia de Abreu Mendonça – funcionária que comandava o orçamento de pesquisa da UFPR e é apontada pela PF como chefe do esquema de desvio – foram encontrados menos de R$ 7 mil – valor menor do que os R$ 10 mil mensais que recebia enquanto exercia cargo em confiança até novembro de 2016, quando foi exonerada da função.
O maior valor encontrado pelo Banco Central – R$ 168 mil – estava na conta de uma mulher que, aparentemente, não tinha nenhuma ligação direta com Conceição. Na maioria das contas bancárias, contudo, o Banco Central conseguiu bloquear apenas alguns centavos – quando não estavam zeradas.Como a Gazeta do Povo já mostrou, algumas das pessoas que constam na lista de beneficiários aparentavam viver em situação de pobreza.
Foram apreendidos também cinco veículos, com valor médio de R$ 40 mil. O mais caro pertencia a Conceição: um Chevrolet Cruze, ano 2015, avaliado na faixa de R$ 60 mil. Ainda assim o patrimônio aparente dela não era compatível com os valores desviados, que superavam a casa dos R$ 100 mil por mês.
Uma parte das pessoas cujos nomes que constam na lista de beneficiários de bolsas de pesquisa disse à reportagem que não tinha qualquer relação com a UFPR nem recebeu dinheiro da instituição. Outros dos citados no esquema afirmaram ser pesquisadores, mas não souberam detalhar o trabalho que fizeram e pelo qual o governo federal pagou valores acima dos destinados a pesquisadores de renome.
Representantes tanto da UFPR como da PF disseram, em entrevista, que os esforços da investigação estão concentrados em tentar recuperar os valores desviados. A busca por patrimônio em imóveis ou em contas bancárias em nomes de laranjas continuará.
A Gazeta do Povo não localizou o advogado de defesa de Conceição, mas o espaço está disponível para que esclarecimentos sejam prestados.
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