A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (15) a operação Darknet, que tem por objetivo confirmar a identidade dos suspeitos e buscar elementos que comprovem os crimes de armazenamento e divulgação de imagens e abuso sexual de crianças e adolescentes. Estão sendo cumpridos 93 mandados de busca, de prisão e de condução coercitiva em 18 estados e no Distrito Federal, informa o site da PF. Até as 15 horas, 51 pessoas haviam sido presas em todo o País.
Durante a investigação, foram identificados 106 suspeitos de produção e divulgação de materiais de pornografia infantil para o Brasil e exterior. Desses, 51 foram presos hoje. As informações foram divulgadas em uma coletiva da PF, realizada em Porto Alegre e transmitida via YouTube.
A PF informou que foram identificadas pessoas que, além de captar e divulgar os materiais de pornografia infantil, eram efetivamente abusadores de menores. Os policiais ressaltaram que as imagens de pornografia infantil são um subproduto do abuso dessas crianças. Todos os presos de hoje são homens, segundo a polícia.
Esses abusadores normalmente estão no círculo de influência das crianças, sejam membros da família ou não. Ainda segundo a PF, não é possível definir um perfil de quem são esses abusadores, porque a pessoa que comete esse crime o faz da forma mais velada possível. Ao longo da investigação, foram identificadas pessoas de perfis variados, como um seminarista, servidores públicos, um militar e empresários.
No Paraná, três pessoas foram presas e a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão, nas cidades de Curitiba (1), Araucária (2) e Campo Magro (2). Houve uma detenção de pessoas que portavam material pornográfico em cada uma dessas cidades.
No Rio Grande do Sul, seis pessoas foram presas em flagrante. No Piauí e Distrito Federal, a PF cumpriu, respectivamente, um e dois mandados de busca e apreensão. Como foi encontrado material pornográfico, houve prisões. Em Pernambuco, três dos quatro mandados de busca e apreensão já foram cumpridos e não houve prisões. No estado de Goiás, duas ações de busca e apreensão foram realizadas e uma pessoa foi presa. No Rio Grande do Norte foram duas prisões: uma em flagrante e outra preventiva.
Em São Paulo, apenas na capital houve 11 prisões em flagrante e 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. No Interior do estado, mais sete pessoas foram presas e 14 mandados cumpridos.
A operação
A Operação Darknet foi deflagrada simultaneamente por 44 unidades da Polícia Federal nos estados do Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal. As informações obtidas durante as investigações que envolvem suspeitos de outros países foram repassadas para autoridades de Portugal, Itália, Colômbia, México, Venezuela.
Pela primeira vez em operações de combate à pornografia infantil a Polícia Federal rastreou o ambiente conhecido como deepweb, considerado um meio seguro para que usuários da internet divulguem anonimamente conteúdos variados. A arquitetura desse ambiente impossibilita a identificação do ponto de acesso (IP), ocultando o real usuário que acessa a rede. Através de metodologia de investigação inédita e ferramentas desenvolvidas, os policias federais conseguiram quebrar esse paradigma e identificar mais de 90 usuários que compartilham pornografia infantil. Até o momento, somente as polícias dos Estados Unidos e da Inglaterra realizaram investigações de crimes praticados através da deepweb.
No decorrer da investigação, iniciada há um ano, pelo menos seis crianças foram resgatadas de situações de abuso ou do iminente estupro, em diversos locais do Brasil. Em um dos casos, um pai relatava que iria abusar da filha assim que ela nascesse. Nesses episódios, policiais federais agiram e evitaram que as crianças permanecessem ou se tornasse vítima, prendendo quatro investigados.