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Um esquema de crimes financeiros no mercado de câmbio que teria movimentado cerca de 600 milhões de dólares ao ano é o alvo de uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (22) pela Polícia Federal (PF). Os trabalhos envolvem mandados de prisão e de busca e apreensão em seis cidades de Santa Catarina, em Porto Alegre e também em Curitiba e Barracão, município do Sudoeste paranaense. Até às 15h45, os trabalhos continuavam a ser realizados.

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Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal, duas pessoas foram presas no limite entre os municípios de Barracão, no Paraná, e Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. No município paranaense, também foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão. Em Curitiba, foram cinco mandados de busca e apreensão de documentos.

No total, a Justiça autorizou o cumprimento de 27 mandados de prisão, sendo 10 mandados de prisão preventiva e 17 mandados de prisão temporária, além de 68 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de condução coercitiva. Também foram bloqueados 30 veículos e 37 imóveis, sequestrados. No estado vizinho, os trabalhos são realizados em Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Dionísio Cerqueira, Porto Belo e Joinville. Também há ações em Porto Alegre.

A operação, chamada de Ex-Câmbio, busca desarticular um esquema mantido por quatro organizações criminosas integradas por doleiros, que atuariam em municípios catarinenses. Segundo a PF, os doleiros atuavam como representantes de grandes corretoras do mercado financeiro e se utilizavam desse vínculo para realizarem transações ilegais de valores para fora do Brasil. O esquema é suspeito de ter movimentado cerca de US$ 600 milhões por ano – aproximadamente R$ 2,3 bilhões. Conforme a PF, as corretoras não tinham participação nas fraudes nem estão sendo investigadas.

“Podemos dizer é que as áreas de ‘compliance’ falharam, já que não identificaram os crimes cometidos por essas pessoas”, explicou o delegado responsável pela Operação “Ex-Câmbio”, Christian Wuster.

Os recursos obtidos com as atividades criminosas eram dissimulados de diversas maneiras, entre elas, o uso de laranjas para a compra de imóveis e carros de luxo e a movimentação de contas bancárias. Segundo a polícia, dois gerentes de banco são suspeitos de fazer parte do conluio, que começou a ser investigado em 2011. Na época, foram apreendidos mais de US$ 80 mil transportados clandestinamente por um dos integrantes da organização criminosa investigada. No decorrer dos trabalhos já foram apreendidos mais de US$ 350 mil e R$ 400 mil em espécie.

Modus operandi

As quadrilhas operavam de duas maneiras. Numa delas, fraudavam contratos de importações, fornecendo dados falsos dos compradores, na maioria dos casos, usando empresas de fachada.

O outro método era pelo sistema de dólar cabo, mas sem que o dinheiro saísse do Brasil. Os doleiros recebiam uma quantia em território nacional e, com a colaboração de parceiros no exterior, depositavam o valor equivalente numa conta do país indicado.

“Essa é uma espécie de compensação bancária, mas as transações eram realizadas às margens das autoridades monetárias. Os suspeitos mantinham contas em cassinos nos Estados Unidos e na Argentina”, afirmou o delegado.

A maior parte da clientela dos doleiros era formada por empresário do ramo imobiliário e de comércio exterior. Cada quadrilha tinha entre quatro e oito pessoas. No topo da cadeia hierárquica, o doleiro; abaixo dele, um ou dois gerentes; e na ponta da organização criminosa havia ainda os operadores. O delegado Christian Wuster estima que, juntas, as quatro organizações criminosas lucraram aproximadamente 10% dos R$ 2,3 bilhões que movimentavam por ano, ou seja, R$ 230 milhões.

Os envolvidos responderão pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, instituição financeira clandestina, fraude cambial, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, e integração de organização criminosa.

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