Volume de apreensões é baixo
A Receita Federal divulgou ontem um balanço parcial das apreensões feitas no Oeste do Paraná com apoio da Operação Fronteira Sul 2. Foram retidos dois veículos carregados com mercadorias, além de 80 volumes de mercadorias. Os fiscais também apreenderam 1,7 kg de crack na mochila de um adolescente e 8 kg de maconha na bagagem de um ônibus. O valor estimado das mercadorias e veículos apreendidos chega a US$ 120 mil. Desde o dia 17, cerca de 3,7 mil militares das Forças Armadas reforçam a segurança de Foz do Iguaçu a Guaíra, em especial nas áreas lindeiras ao Lago de Itaipu e Rio Paraná. A movimentação dos cerca de 10 mil homens compreende 2,5 mil km entre Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
Foz do Iguaçu - Militares da Operação Fronteira Sul 2 destruíram ontem 10 portos clandestinos usados por quadrilhas à margem do Lago de Itaipu, no Oeste do Paraná. Os embarcadouros eram usados por contrabandistas e traficantes na fronteira do Brasil com o Paraguai. Ninguém foi preso. Prevista para encerrar na sexta-feira, 24, a ação especial reúne a Marinha, o Exército, a Força Aérea Brasileira (FAB) e órgãos de segurança.
"Mapeamos as áreas e usamos tratores e retroescavadeiras para extinguir os locais, no distrito de São Clemente, em Santa Helena", afirmou o tenente-coronel Ariel Okopny Júnior, da Comunicação Social do Comando da 5ª Região Militar e 5ª Divisão do Exército. Segundo ele, participaram da diligência tropas do Exército, da Polícia Militar e Polícia Ambiental. O número do efetivo não foi divulgado.
Conforme o tenente-coronel, a interdição dos pontos faz parte da estratégia do serviço de inteligência das Forças Armadas. Com o aumento da fiscalização sobre a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, os bandos desviaram boa parte do transporte de mercadorias, armas e drogas para o reservatório da Itaipu Binacional. Não demorou muito para surgirem dezenas de ancoradouros ilegais nas margens.
À tarde, a operação também concentrou as atividades em Foz do Iguaçu, em particular na aduana brasileira. Cerca de 50 militares engrossaram a vigília na Ponte da Amizade, onde atuam Receita Federal e Polícia Federal. Fizeram, ainda, sentinela em áreas de concentração de guarda-volumes usados como depósitos de contrabando na Vila Portes.
Diplomacia
Se no lado brasileiro, a presença do contingente causa sensação de segurança, no Paraguai a ação militar foi recebida negativamente pela imprensa e até pelo presidente Fernando Lugo, que considerou os fatos "provocativos". Para agravar os ânimos, caiu mal a despretensiosa declaração de um general quanto a segurança da Itaipu Binacional. Questionado sobre a improvável necessidade de ocupar a usina, ele afirmou que executaria a manobra se recebesse ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A tensão agravou-se com a manchete de ontem do principal jornal do Paraguai, o ABC Color. O diário reproduziu a reportagem publicada em O Estado de S. Paulo, dez dias atrás, sobre o Decreto 6.592. O ato presidencial, assinado em 2 de outubro, cria "graus de advertência a quem ameaçar ou cometer atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial ou ao povo brasileiro, ainda que isso não signifique invasão ao nosso território".
Os paraguaios consideraram o decreto uma ameaça velada de Brasília. Desde a eleição de Lugo, no primeiro semestre, as discussões bilaterais giram em torno de Itaipu em razão da proposta do país vizinho de renegociar o tratado que criou a usina. O Paraguai quer um "preço justo" pela energia elétrica produzida em excedente pelo Paraguai e vendida ao Brasil.
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