Em uma operação conjunta, a Receita Federal, a Polícia Federal e a Procuradoria da República do Espírito Santo deflagraram nesta quinta-feira (15) a Operação Poseidon, desbaratando uma suposta organização especializada em fraudes na importação de carros e motocicletas de luxo. O principal alvo foi a loja Barreto Import, localizada no Centro Comercial de Alphaville, em Barueri, que nos anúncios de seu site, prometia aos clientes a compra de carros importados com "preços sempre altamente competitivos".
A revendedora está sendo acusada de subfaturamento de preços, do uso de empresas de fachada no Brasil e nos Estados Unidos, e de sonegação de impostos. Segundo a Receita Federal, do início de 2006 a março de 2009 foram importados 100 motocicletas e 212 automóveis entre os norte-americanos Mustang GT, Corvette, Hummer H3, Pontiac Solstice e Dodge Charger SRT-8; os europeus BMW Mini Cooper, Porsche 911 e Bentley Continental GT, e os asiáticos Lexus RX 350, Nissan Quest e Infinity FX-45 e FX-35.
O esquema de fraude na importação de veículos de luxo pelo porto de Vitória foi desmontado 18 meses depois da Operação Titanic, na qual foram presas 23 pessoas, inclusive auditores da Receita Federal e o ex-senador Mario Calixto, de Rondônia, acusados também da importação de carros de luxo subfaturados. Na operação, os carros vinham para a TAG, empresa capixaba, mas que tinha sede em Porto Velho (RO), para se beneficiar de isenção fiscal.
A operação Poseidon começou a ser investigada naquela época, mas foi deixada de lado por conta da amplitude do caso da TAG, que gerou a Operação Titanic, na qual foram apreendidos 17 carros de alto luxo - entre eles uma Ferrari Turbo avaliada em R$ 1,2 milhão - e 36 motos que aguardavam liberação pela Alfândega. Segundo fontes próximas às investigações, há pelo menos um empresário presente nos dois casos (Titanic e Poseidon).
Pelo esquema adotado, uma empresa localizada em Vitória constava como importadora e destinatária final dos automóveis de luxo importados. Na verdade, a mercadoria chegava ao País para a revenda de Alphaville, o que caracteriza a prática de interposição fraudulenta. Os carros importados, por sua vez, entravam no Brasil com preços subfaturados.
Um Chevrolet Corvette conversível foi importado ao preço de US$ 47 mil, quando na verdade o valor de venda sugerido pelo fabricante era de US$ 60 mil. Levantamento inicial da Receita demonstra que a sonegação de impostos da empresa pode atingir algo em torno de R$ 41 milhões.