A Polícia Militar e Ministério Público do Paraná prenderem ontem 30 pessoas acusadas de tráfico de drogas e três por porte ilegal de armas na região de Curitiba e no litoral do estado. Segundo a polícia, os acusados pertencem a três quadrilhas suspeitas de traficar drogas há mais de dez anos e movimentavam cerca de 100 kg de crack por mês. O foco da operação Maresia foi o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. Para tentar legalizar o lucro obtido com a venda da droga, os detidos utilizariam empresas de fachada, como supermercados e lojas de revenda de automóveis.
Durante a operação, os policiais cumpriram 52 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos 15 quilos de pasta-base de cocaína, 800 gramas de cocaína, 500 gramas de crack e dez armas de fogo, além de R$ 15 mil em dinheiro e cheques. Até o início da noite de ontem, faltavam quatro mandados de prisão temporária para cumprir. As investigações começaram há seis meses e, segundo os policiais, as três quadrilhas atuavam com os mesmos fornecedores. Todos os detidos estão presos nos Centros de Triagem 1 e 2, da Polícia Civil. A polícia não divulgou o nome de todos os acusados, nem as cidades onde eles atuavam.
Lavagem
As quadrilhas compravam a pasta base da cocaína, que dá origem ao crack e à cocaína destinada ao consumo. "O crack era a principal droga, porque tem venda rápida e um público não tão seleto", diz o tenente Fábio Barros Nunes, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
Adilson Fidelis, conhecido como "Gaivota", é acusado de distribuir o crack no litoral. Ele foi preso no bairro Tabuleiro, em Matinhos, e segundo os policiais abastecia pequenos traficantes na região. Os supermercados Gavião 1 e 2, em Matinhos, de propriedade de Fidelis, seriam usados para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Outros dez suspeitos foram presos no litoral.
Os outros dois fornecedores, Valdecir Bijari e um homem conhecido apenas como Titião, atuavam em Curitiba e em municípios da região metropolitana, de acordo a polícia. Eles também são investigados por participação em homicídios. Os policiais descobriram que duas lojas de veículos em Curitiba eram usadas para lavar o dinheiro. Os estabelecimentos foram lacrados pelo Gaeco. Segundo Barros, os suspeitos vendiam os carros adquiridos para não levantar suspeitas. Eles também compravam imóveis de luxo com valores próximos dos R$ 700 mil. Barros disse que eles usavam dinheiro vivo para comprar os imóveis. "Essa operação investigou desde distribuidores da droga até o traficante de rua", afirmou o tenente.
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Luiz Rodrigo Carstens, a ação de ontem teve a intenção também de dar uma resposta ao elevado número de assassinatos no estado na terça-feira, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulgou que foram registrados 1.795 homicídios no estado nos primeiros seis meses deste ano, número 20,4% maior do que o verificado no primeiro semestre de 2009. No litoral o crescimento foi de 62%, e em Curitiba de 35%. "O tráfico de drogas está ligado à taxa de homicídios e por isso essa operação é muito importante", afirmou Carstens.