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Mais um caso que envolve o pagamento de grandes quantias de dinheiro para trabalhos espirituais foi descoberto em Curitiba. Três pessoas teriam cobrado R$ 200 mil para resolver problemas emocionais de uma vítima em um terreiro no Jardim das Américas. Depois desse pagamento, novas quantias eram cobradas para a realização de novos trabalhos espirituais, chegando a R$ 326,1 mil de apenas uma vítima. Na manhã desta segunda-feira (10) os três foram presos por estelionato.

A Operação Xeque-Mate, realizada por policiais civis da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc), prendeu Israel Marcos da Silva, 46 anos, Rosa Maria Marques de Andrade, 46, conhecida como "Mãe Rosa", e seu marido, Natálio de Jesus Ribeiro Filho, 52 anos, chamado de "Pai Ribeiro", além de apreender dois carros de luxo, joias, dinheiro e uma arma.

A vítima, segundo o delegado-adjunto da Dedc, Matheus Laiola, vinha sendo enganada pela quadrilha desde abril de 2013. Frequentadora de uma clínica de estética de propriedade de Silva, foi indicada por ele a procurar o terreiro de Mãe Rosa para procurar orientação para seus problemas emocionais. Depois da primeira consulta, Mãe Rosa sugeriu que a vítima fizesse um "pacto com a casa" para ter seus problemas resolvidos, e para isso deveria pagar a quantia de R$ 200 mil para não ser acometida de outros males.

"A Mãe Rosa disse que a vítima tinha uma doença grave que não era diagnosticada pelos médicos e, por isso, precisava de mais dinheiro para manter a doença afastada. E assim sempre aparecia um trabalho novo para ser resolvido e pago e os R$ 200 mil foram aumentando aos poucos até ultrapassar os R$ 320 mil", conta Laiola. Conforme relatos da vítima, em todas as consultas ela era acompanhada por Silva, que entrava primeiro no terreiro e conversava com os guias para "conseguir um preço melhor".

Quando não aguentou mais pagar pelos trabalhos, a vítima reclamou com Silva, que ficou pressionando para que os pagamentos continuassem sendo feitos. "Teve uma ocasião que ela deu três cheques de R$ 20 mil cada um e depois sustou. Os três ficaram bastante irritados. Israel disse que teria ficado com os três cheques e pago o valor de R$ 60 mil para os guias para não prejudicar a vítima, que se sentiu obrigada a devolver o dinheiro ao empresário. Foi então que ela deu um dos carros apreendidos", explicou o delegado.

As investigações da Dedc tiveram início a cerca de um mês, quando a vítima fez a denúncia. O vínculo criminoso entre "Pai Ribeiro", "Mãe Rosa" e Silva ficou comprovado pela ligação de Israel com o terreiro e porque alguns cheques pagos pela vítima eram descontados na clínica de estética de Silva. No momento da prisão a polícia apreendeu dinheiro, joias, o carro em nome da vítima que estava com Silva, outro carro comprado com parte do dinheiro pago por ela, além de uma arma.

Os três irão responder por estelionato e associação criminosa. "Pai Ribeiro" foi, ainda, autuado por porte ilegal de armas. "Não estamos discutindo nenhuma religião ou profissão, nem o trabalho daquelas pessoas. Mas todas as profissões têm um limite e quando ultrapassa é considerado abuso. Que trabalho espiritual é esse que custa mais de R$ 300 mil? Os valores cobrados ultrapassam em muito as custas com velas e outras necessidades. E se um carro foi comprado com esse dinheiro é sinal de que não foi para o trabalho espiritual", argumenta o delegado responsável pelas investigações.

Laiola acredita que outras pessoas possam ter sido vítimas da quadrilha e pede que compareçam à Dedc para depor. Os três permanecem detidos cumprindo prisão temporária, mas caso haja indícios de que outras pessoas foram vítimas um novo pedido de prisão poderá fazer com que respondam ao processo presos. A Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas fica na Rua Professora Antonia Reginato Vianna, 1.177, no Capão da Imbuia.

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