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Largo da Ordem

Operação violenta da PM causa mal-estar

Cerca de 300 pessoas protestaram contra a truculência da PM, ontem, no Largo | Marco André Lima/ Gazeta do Povo
Cerca de 300 pessoas protestaram contra a truculência da PM, ontem, no Largo (Foto: Marco André Lima/ Gazeta do Povo)

O dia seguinte à praça de guerra armada no Largo da Ordem, na noite de domingo, foi de explicações. A repercussão negativa da operação policial que dispersou com violência milhares de foliões do bloco pré-carnavalesco Garibaldis e Sacis, em Curitiba, levou a Secre­taria Estadual de Segu­­ran­­ça Pública (Sesp) a convocar uma entrevista coletiva para explicar a manobra.

Ao lado do chefe do 1.º Coman­do Regional da Capital, o coronel da PM Ademar Cunha Sobrinho, o secretário Reinaldo de Almeida César disse ter aprovado a conduta dos policiais. "A ação foi muito positiva, com o uso progressivo da força." César lamentou que o episódio tenha deixado vítimas – de­­zenas de pessoas foram feridas por balas de borracha –, mas disse que "não vai ser um evento como es­­te que vai enodoar as Polícias Ci­­vil e Militar", completou. Outros quatro PMs também ficaram feridos.

Cunha confirmou que a PM foi ao local para atender a reclamações de vizinhos sobre o som alto. Segundo ele, no local, um grupo de pessoas cantava músicas de apologia ao uso da maconha. Eles teriam jogado pedras e garrafas na viatura. Os policiais pediram reforço e o tumulto teve início. "Infelizmente, teve que se partir para a munição não letal para afastar o grupo e depois o uso de granadas de efeito moral", explicou.

De acordo com a PM, 20 policiais faziam o patrulhamento a pé antes da confusão e 25 viaturas estavam presentes na hora dos confrontos.

Governador

Em entrevista no Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB) evitou atribuir culpa à PM ou aos foliões pela confusão no Largo, mas disse que a polícia agiu para "ma­­nutenção da ordem". "Às vezes, excessos são cometidos por festeiros e pelos mais exaltados." Richa fez questão de frisar que a Sesp está avaliando o caso e apurando, in­­clusive, eventuais excessos. "Fa­­lhas, excessos, erros estão sendo avaliados. Se houver responsáveis, serão punidos", garantiu.

Diante das acusações, o coronel Cunha informou que a PM abrirá uma sindicância para investigar a operação e que espera que os que sentiram agredidos ou ofendidos entrem em contato com o comando. No dia da confusão, pelo menos duas pessoas prestaram queixa na delegacia contra a PM.

"A nossa festa foi a mais bonita que a gente fez nos últimos tempos, posso dizer isso pelo Garibaldis e Sacis. Mas pelo bloco da violência da PM, você tem que perguntar pa­­ra eles", ironizou Luiz Nobre, mem­­bro do bloco. Uma denúncia formal contra a ação da polícia foi apresentada pelo bloco ao Con­­se­­lho Permanente dos Direitos Hu­­ma­­nos do Paraná, órgão ligado à Se­­­­cretaria de Estado da Justiça (Seju).

Legislativo

O caso também pautou as discussões no primeiro dia de trabalho da Assembleia Legislativa. O deputado Péricles de Mello (PT) classificou a atuação da PM como desproporcional. "Mesmo que tenha havido uma conduta desrespeitosa à polícia, não pode existir uma resposta desproporcional como aquela. Isso mostra o despreparo da PM do Paraná", criticou.

Flagrantes de violência

Uma sequência de imagens captadas pelo fotógrafo Luiz Costa dá a dimensão da violência empregada pela polícia na dispersão da multidão que assistiu à apresentação do bloco Garibaldis e Sacis no último domingo, no Largo da Ordem. Em meio ao "arrastão" promovido pela PM, um policial militar agride um rapaz caído no chão, praticamente imobilizado, com um cassetete. Foram vários golpes. O rapaz não foi identificado. Ninguém foi preso na operação. Pelo menos três pessoas atingidas por balas de borracha foram hospitalizadas no domingo, mas outras dezenas foram embora sangrando, sem procurar atendimento médico.

Protesto

"Foi absurda a forma como os policiais agiram"

Cerca de 300 pessoas fizeram uma manifestação ontem à tarde, no Largo da Ordem. Integrantes do bloco Garibaldis e Sacis criticaram a operação policial e orientaram os feridos para que façam o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e registrem boletins de ocorrência contra a PM. O protesto foi convocado via internet por Letícia Camargo, que participou da festa no domingo e se disse surpresa com a ação policial. "Ainda quero entender o que aconteceu. Foi um absurdo a forma como os policiais agiram, disparando e atirando bombas contra todo mundo", disse.

Ela espera ter mais segurança na próxima apresentação do bloco, marcada para domingo, dia 12. Mas, por enquanto, ainda não há confirmação de que a última edição do pré-carnaval seja realizada. Um dos organizadores do Garibaldis e Sacis, Itaércio Rocha, disse que está conversando com os órgãos de segurança a fim de garantir condições para o evento acontecer. "O que nós queremos é que o pré-carnaval seja apenas alegria, como sempre foi desde o início." A manifestação também reuniu pessoas que foram feridas por balas de borracha.

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Vida e Cidadania | 2:45

Uma manifestação contra a ação da Polícia Militar, que deixou dezenas de feridos durante o pré-carnaval organizado pelo bloco Garibaldis e Sacis, reuniu centenas de pessoas no Largo da Ordem.

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