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Segurança Pública

Operação Vortex piorou a crise entre MP e Secretaria

Batisti disse que há “dificuldade” em encontrar policiais que queiram trabalhar no Gaeco | Roberto Custodio/ Jornal de Londrina
Batisti disse que há “dificuldade” em encontrar policiais que queiram trabalhar no Gaeco (Foto: Roberto Custodio/ Jornal de Londrina)

A relação entre o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) piorou após a realização da Operação Vortex. Foi o que admitiu ontem, em entrevista coletiva em Londrina, o coordenador estadual do Grupo Especial de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o procurador de Justiça Leonir Batisti. Ele lembrou que a ordem da Sesp para que policiais militares que atuam no grupo sejam trocados veio após os desdobramentos da investigação, que desmontou esquema de corrupção envolvendo policiais na venda de veículos roubados em Curitiba. "A situação de instabilidade ou crise recrudesceu com a operação, porque coincidentemente na segunda feira (19) fomos informados de que o comando havia passado ordem para recolher todos os policiais, ordem transmutada depois para quem tem mais de dois anos de Gaeco", disse.

O procurador enfatizou que o Ministério Público não abre mão de indicar os policiais que farão parte do grupo e que o prazo estipulado para a cessão dos oficiais afetaria o andamento dos trabalhos. O posicionamento contraria a Sesp, que pretende instituir um sistema para mudar, anualmente, todos os policiais cedidos, além de indicar as pessoas para as vagas disponíveis. Batisti rebateu. "A questão essencial é que é o MP que está no fim desse trabalho, é ele quem vai sustentar a denúncia na Justiça".

A condição, reforçou ele, faz parte, inclusive, do decreto que criou o Gaeco, documento que não faz referência a prazos para a substituição dos policiais. Ao mesmo tempo, acrescentou Batisti, o MP aparece como a instituição correta para as indicações tendo em vista as dificuldades em encontrar policiais que queiram, de fato, trabalhar no Gaeco. "Temos grupos que estão sem oficial há anos, porque na região não tem policial que queria trabalhar. Há um estigma em relação a policiais no Gaeco por parte de pessoas das próprias polícias", argumentou.

Fatia pequena

De acordo com Batisti, 62 policiais, entre civis e militares, atuam nos seis núcleos do Gaeco no Paraná. O número, enfatizou, representa uma parcela mínima dos policiais em atividade no estado – cerca de 14 mil militares e 4 mil civis. Neste contexto, ele diz não entender o porquê da exigência de revezamento, enquanto outros policiais chegam a permanecer em suas bases por mais de dez anos.

Substituição de policiais não é adotada em SC

Katia Brembatti

A troca periódica de policiais cedidos ao Ministério Público não é adotada em outros estados, como Santa Catarina. "Seria melhor fechar a unidade porque ficaria impossível de trabalhar", afirma o coordenador do Gaeco de Joinville, procurador Assis Marciel Kretzer, ao ser questionado sobre o que aconteceria com o grupo de investigação caso todos os policiais fossem substituídos. Como há várias operações em curso, o procurador acredita que a substituição de agentes poderia atrasar os trabalhos.

Na região onde atua, Kretzer conta com oito militares, três policiais civis e um delegado. "A maioria deles está há muitos anos", conta. Ele destaca que há a necessidade de compatibilidade. A cessão do funcionário não tem prazo para acabar. Talvez o ideal fosse planejar esse rodízio, argumenta o coordenador do Gaeco em Joinville, para uma época oportuna, dando tempo para as investigações em curso. Ele enfatiza que não há registro na história de Santa Catarina de pedido de "devolução" de policiais cedidos ao Gaeco.

Kretzer salienta que leva bastante tempo para que um agente se familiarize com a apuração necessária em operações especiais. "Dois anos é um intervalo de tempo muito curto para preparar um agente de investigação", diz. Kretzer considera saudável que haja renovação, para que pessoas com mais disposição inicial se misturem a profissionais experientes. Contudo, ele pondera que a troca não pode ser intempestiva, autoritária e em tom de retaliação.

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