As linhas integradas da região metropolitana de Curitiba estão ganhando novos validadores que vão separar definitivamente a gestão financeira da Rede Integrada de Transportes. Mais de 460 mil passageiros devem passar pelos novos equipamentos por dia. São mais de R$ 20 milhões mensais, que até março seguiam para um fundo público administrado pela Urbs. A nova gestão ficará a cargo da Metrocard – associação cujo presidente é Alexandre Gulin.
A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) disse que não criará um novo fundo público para administrar esses recursos. O governo estadual assumiu as linhas metropolitanas prometendo enxugar os custos do sistema e a Comec não terá, por exemplo, uma taxa de administração impactando na tarifa. O gerenciamento da Urbs impacta em 4%.
É incomum que a bilhetagem de sistemas de transporte coletivo seja administrada por fundos públicos. Curitiba é uma exceção, dizem especialistas. Mas a existência do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) é vista como mais uma ferramenta de controle. Todas as 106 linhas metropolitanas integradas ganharão os novos validadores. São mais de 500 veículos.
O gerenciamento e manutenção do transporte coletivo custou, em média, R$ 79,4 milhões por mês em 2014. Em abril e maio deste ano, primeiros meses sem as linhas metropolitanas integradas no fundo, foram R$ 56,8 milhões. A diferença (R$ 22 milhões) se refere às linhas metropolitanas integradas. Entre janeiro e março, a Urbs reteve R$ 16,7 milhões das tarifas metropolitanas para saldar uma dívida que o governo do estado contraiu com o sistema no ano passado.
Os novos validadores das linhas metropolitanas da RIT são da Transdata. Eles substituirão os da Dataprom. O Tribunal de Contas do Distrito Federal apontou, em 2013, que a nova empresa de bilhetagem do mercado curitibano é da família Constantino.
A Transdata nega o vínculo com os proprietários da Gol Linhas Aéreas. Mas os auditores do TCDF abriram o capital social da Toyo Participações, uma das administradoras da empresa, e concluíram que cinco dos dez sócios dela pertencem à família Constantino. Como o mesmo grupo detém as viações que operam dois lotes do transporte local, eles entenderam que a contratação configurou conflito de interesses e desobediência ao princípio da segregação de funções.
A CPI do Transporte Coletivo havia apontado que 68,7% das ações das viações que compõem os três consórcios de Curitiba estão nas mãos da família Gulin. Não há levantamento similar sobre as empresas da região metropolitana. Mas o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Receita Federal, traz Alexandre Gulin como presidente da Associação Metrocard. Ele também é administrador da Citinvest Participações, holding de um dos grupos que operam em Curitiba. Apesar de os novos validadores da Transdata ainda estarem em fase de testes, a Dataprom afirmou que eles teriam danificado alguns dos seus equipamentos que hoje estão em operação e interferindo na comunicação do sistema. A Urbs informou, inclusive, que irá apurar as queixas da Dataprom. “Esse processo de transição já estava previsto dentro do TAC [Termo de Ajustamento de Conduta]. Mas pedimos para verificar a questão de eventual ação técnica no sistema de bilhetagem de Curitiba”, disse Roberto Gregório, presidente da Urbs. Os validadores instalados pela Dataprom são de propriedade do município de Curitiba. A Urbs ainda não definiu qual será o destino dos equipamentos substituídos. Os equipamentos da Transdata serão colocados em operação a partir de agosto, quando os bilhetes de Curitiba deixarão ser aceitos definitivamente nas linhas metropolitanas. Dataprom alega que teve alguns equipamentos danificados