Brasília – Partidos de oposição desconfiam do convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o diálogo em torno de uma agenda comum de interesse geral. Acham que a defesa do entendimento feita pelo presidente reeleito pode fazer parte de uma estratégia para diminuir a tensão política que restou da eleição, enfim, a assinatura de uma trégua. Por isso, dizem os dirigentes oposicionistas, querem primeiro ver as propostas de Lula.

CARREGANDO :)

"Não queremos convescote com o governo. A conversa tem que ser política. Ele que diga que reformas julga essenciais. A gente vai negociar os termos delas, verificar o interesse dos governadores. E o governo terá de provar que está, de fato, interessado numa proposta boa para o país e não só para ele ou para seu partido", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). O diálogo, afirmou ainda o líder, precisa ser sincero. E Lula tem de provar que está disposto a exercê-lo.

O líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), tem uma posição mais radical do que a de Arthur Virgílio. Para ele, o presidente não precisa pregar o diálogo com a oposição, porque o país não está em crise política. "O grande problema do governo é no campo jurídico", disse. "Não espere de nós nenhuma trégua, porque não a daremos. Não espere concertação (entendimento amplo, de todos os setores), porque não a queremos. Nós representamos os 40 milhões que consideram o governo Lula o governo da farsa. Foi a farsa do mensalão, dos sanguessugas e agora é a farsa da crise dos aeroportos", afirmou ele. "Por isso não queremos confraternização".

Publicidade

Outro líder da oposição, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), é menos arredio ao diálogo do que Aleluia. Mas também vê motivos para desconfianças. "Como o Lula muito facilmente diz hoje uma coisa e amanhã outra, totalmente inversa, a gente tem de esperar um pouco para ver se a sua iniciativa do diálogo é verdadeira", afirmou. Freire acha que, com a proposta de diálogo, Lula está tentando sensibilizar e seduzir o PMDB a ir integralmente para o governo.