Brasília (AE e AG) O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), disse que o deoimento do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, não é convincente. "Palocci, quando vem falar de economia, tem resposta para tudo, mas, quando é para falar sobre questões políticas, as denúncias sobre Ribeirão Preto (no interior de São Paulo), o ministro tergiversa (inventa desculpas)." Segundo Agripino, Palocci está com "os arredores contaminados". De acordo com o líder do PFL no Senado, o ministro da Fazenda, em vez de "tomar atitude", defende os acusados. "A não-convivência com a improbidade e com a suspeita de improbidade são requisitos para o homem público. Mas o ministro está convivendo com a suspeita de improbidade."
"Como ministro, não tenho dúvidas de que o ministro faz a sua parte, mas a influência de seus ex e atuais assessores deixa a desejar em relação a alguns órgãos subordinados ao Ministério da Fazenda", disse o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), referindo-se aos termos usados por Palocci para "aliviar" investigados pela comissão.
Para a senadora Ideli Salvati (PT-SC), o ministro falou com tranqüilidade e segurança, demonstrando a convicção que tem de sua inocência. "Para quem conhece o Palocci, eu até percebi um tom um pouco acima do normal, demonstrando a indignação que ele tem com relação a essas denúncias e ter de explicá-las à CPI."
Ideli disse que Palocci se defendeu tão bem que os governistas abriram mão de falar durante a audiência. "Nós vamos deixar a oposição esgotar seus assuntos e acabar com o mecanismo de chantagem política que eles estavam utilizando nos últimos meses." A senadora referia-se às ameaças constantes, a cada denúncia que aparecia, de trazer o ministro Palocci para ser ouvido pela CPI.
O senador Aloízio Mercadante (PT-SP) afirmou que a CPI dos Bingos não conseguiu "fazer diminuir a grandeza do trabalho de Palocci à frente do Ministério da Fazenda". Segundo Mercadante, a tentativa da CPI, onde a maioria é oposicionista, era a de enfraquecer Palocci, objetivo que, segundo ele, não foi alcançado. "A força do ministro está na qualidade de sua política econômica", disse, citando indicadores como superávit em conta corrente, controle da inflação, geração de emprego, pagamento antecipado da dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "É por isso que todos os questionamentos (dos senadores da comissão) dizem respeito ao período anterior à sua gestão no Ministério da Fazenda", disse.
O mercado financeiro reagiu bem ao depoimento do ministro. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) reabriu o pregão da tarde de ontem em alta de 0,96%, com 37.758 pontos e volume financeiro de R$ 1,240 bilhão. O dólar comercial tinha às 14h 30m queda de 0,31%, cotado a R$ 2,239 na compra e R$ 2,241 na venda. Na máxima, a moeda americana chegou a R$ 2,254 e na mínima, a R$ 2,238 (cotações para a venda).