Brasília O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), se comprometeu ontem a instalar a CPI do Apagão Aéreo se o requerimento que pede abertura da comissão cumprir as determinações do regimento interno da Casa. O pedido de instalação da CPI foi protocolado ontem na Mesa Diretora da Câmara com a assinatura de 211 deputados, mas depende da decisão de Chinaglia para sair do papel.
O regimento da Câmara exige, no pedido de abertura da CPI, a assinatura de 171 deputados, um terço da Casa Legislativa. Se instalada, a CPI irá buscar informações sobre as investigações do acidente com o avião da Gol, que caiu em setembro do ano passado.
Na ocasião, o Boeing que fazia o vôo 1907 se chocou com um jato Legacy, da empresa americana Excel Aire. A Polícia Federal ainda não concluiu as investigações. A comissão também pretende investigar a recente crise do setor aéreo, desencadeada após o acidente com o Boeing da Gol.
O ministro da Defesa, Waldir Pires disse ontem não acreditar que a instalação da CPI vá prejudicar as investigações sobre a crise aérea. "A CPI é um direito das oposições. Se é uma coisa que eu amo é transparência. Sempre é bom investigar", disse o ministro.
Esvaziamento
Quando perceberam a iniciativa tucana, líderes governistas tentaram inviabilizar a instalação da CPI. A oposição, no entanto, foi mais rápida e conseguiu formalizar o requerimento até com assinaturas de parlamentares aliados ao Palácio do Planalto, que agora não podem mais voltar atrás.
Apenas a deputada Manuela Dávila (PC do B-RS) teve tempo de retirar a assinatura porque tomou a decisão antes do registro da CPI. Manuela teria justificado que assinou por impulso e preferia ouvir o seu partido antes de confirmar a adesão. Outros cinco parlamentares do PC do B também assinaram. Na lista contam ainda líderes de partidos governistas, como Miro Teixeira (PDT-RJ), Márcio França (PSB-SP), Juvair Arantes (PTB-GO) e Renildo Calheiros (PC do B-PE). Para impedir a CPI, o governo tem agora apenas dois instrumentos: o presidente da Câmara pode considerar que ela é inconstitucional e os líderes podem atrasar a indicação dos membros.