Brasília – O ministro da Justiça, Tarso Genro, será convocado à Câmara dos Deputados pelo líder do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio (SP), para falar da denúncia de que o amigo e compadre do presidente Lula, Dario Morelli Filho, teria sido alertado sobre o monitoramento dos envolvidos na Operação Xeque-Mate. O requerimento de convocação será apresentado terça-feira.

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Pannunzio afirma que a hipótese de vazamento é reforçada na gravação em que Morelli avisou ao suposto chefe da quadrilha, o ex-deputado paranaense Nílton Cézar Servo, para que ele tomasse cuidados com os telefonemas porque havia ocorrido "um pepino feio". "Se o ministro tiver explicações, ótimo. Senão teremos de investigar até com uma CPI", afirma.

Para o deputado, os brasileiros são obrigados a acompanhar o episódio "com uma certa perplexidade", diante das fortes suspeitas de que o trabalho da Polícia Federal teria sido prejudicado por alguém do governo. Ele também acha estranho que a ligação do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, com a quadrilha tenha mais destaque do que a atuação de Morelli, a quem considera muito mais próximo de Lula.

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Ele lembra que a ligação do presidente com o ex-assessor da Saneamento de Diadema (Saned) é "muito grande", igual a que ele mantém com outro compadre do presidente, Roberto Teixeira, e com o ex-assessor Freud Godói, um dos envolvidos na compra do dossiê contra os tucanos na última campanha. "São pessoas do círculo íntimo do presidente", afirma. "No mínimo é antiético e ilegal, e nunca na República o presidente teve esse tipo de relação com pessoas que andam na zona cinzenta entre o legal e o ilegal", afirma. "Parece que estão colocando um bode para ocultar o pior lado da denúncia."

Sobre a reação de Lula quando da divulgação da operação, o líder afirma que as últimas notícias deixam claro que o presidente estava encenando na defesa que fez ao irmão Vavá. "São fatos que deixam uma interrogação tremenda sobre a sinceridade do presidente", argumenta.

Na ocasião, Lula repetiu três vezes que não acreditava no envolvimento de Vavá no esquema. As gravações, porém – de acordo com Pannunzio – revelam a existência de um enviado de Lula, de nome Roberto, avisando que ele sabe das atividades do irmão e não concorda.

Vavá

O advogado Nélson Passos Alfonso, que defende Vavá, afirmou ontem, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP), que o cliente é um "homem muito simples, não tem estudos completos e, por isso, não tem condição de ser lobista".

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Vavá não compareceu à entrevista na qual pretendia esclarecer o suposto envolvimento com grampos da Operação Xeque-Mate e preferiu ser representado por Alfonso e o filho Edson Inácio Marin da Silva. O advogado garantiu que o irmão mais velho de Lula tem "total inocência". Alfonso afirmou que, diferentemente do que dizem, quando Vavá falou de "máquinas" na gravação da PF não se tratava de caça-níqueis, e sim de terraplenagem. Mas não pode provar sua afirmação.